domingo, 11 de dezembro de 2011

aplainai na solidão o caminho para nosso Deus

1 – Entrar na solidão para encontrar Deus
A Bíblia está repleta de exemplos de homens e mulheres que entraram na solidão para encontrar-se com Deus. Fizeram uma peregrinação pessoal em sua própria existência. A história da espiritualidade, em todas as religiões, têm exemplos de homens e mulheres que entraram na solidão para encontrar-se com Deus. São homens e mulheres que ensinam e comprovam com suas vida que o encontro com Deus, aquele encontro transformador, não acontece no barulho, mas no deserto, na solidão. É o acolhimento do convite que ouvimos de Isaías, na 1ª leitura: “aplainai na solidão o caminho para nosso Deus”. Todos esses grandes eventos religiosos que ouvimos falar ou participamos são anúncio, convite para entrar na solidão, para fazer a experiência do deserto, onde cada um constrói o seu caminho, aplaina as montanhas, endireita as curvas, abaixa outeiros da própria existência... É na solidão que participamos profundamente do encontro com Deus. Está aqui uma das maiores dificuldades de nosso tempo para motivar as pessoas a buscar Deus e a entrar no caminho de Deus.

2 – Deus está na invisibilidade do cotidiano
Outro elemento que dificulta muito entrar no caminho para se encontrar com Deus é a “invisibilidade” do relacionamento com Deus. Deus escolheu entrar em contato conosco no cotidiano de nossas vidas. E falar de cotidiano é entender a simplicidade da rotina, que dia após dia, repete os mesmos fatos e, tantas vezes, os mesmos problemas, os mesmos trabalhos, as mesmas lutas. São Pedro chama nossa atenção para esse fato, na 2ª leitura, explicando que não podemos ir ao encontro de Deus com cálculos matemáticos porque o tempo não existe para Deus. Por isso, não aceitamos previsões de fim de mundo. Por isso, insistimos tanto em peregrinar para o silêncio, para a solidão do deserto, onde cada um de nós, homens e mulheres, entramos em contato com nossas vidas pessoais, avaliamos nosso modo de viver, nosso modo de falar, nosso modo de agir. Não é Deus que se esconde em algum canto da vida, é nosso modo de viver que não nos conduz ao encontro de Deus. Por isso, é preciso parar, dar um tempo, avaliar e peregrinar para o silêncio interior, onde Deus vem ao nosso encontro com a paz e a serenidade. O encontro com Deus não é tão visível como gostaríamos e nem é novidadeiro, porque acontece na realidade do cotidiano, que é rotineiro.

3 – O caminho do cotidiano pode conduzir a Deus
A realidade do cotidiano é o caminho por onde caminhamos, onde colocamos os passos de nossas vidas. É na realidade cotidiana que se propõe o caminho da conversão pessoal, o caminho que conduz à uma nova terra, onde a glória divina habita e a fidelidade ao projeto divino é realidade. Como caminhamos na realidade de nossa vida cotidiana? Esse tempo de fim de ano, em que muitos podem descansar, é tempo de rever a estrada, de como caminhamos, do quanto progredimos espiritualmente na vida. É momento para avaliar se caminhamos sozinhos, se nosso caminho é feito de brigas e raivas, se nosso caminho não conduz a lugar algum. Quantos de nós alimentam suas vidas em sonhos que nunca acordam? Quantos se consideram perdidos na vida porque perderam a meta e por isso caminham em estradas com montanhas, vales, buracos, ribanceiras... caminham no risco de cair, de se afundar. Hoje, o convite é claro: preparem um caminho novo, que seja plano, reto, que tenha uma meta: encontrar-se com Deus, onde você encontrará a paz e a serenidade para sua vida.

4 – A dificuldade de entrar no deserto
Mas, existe uma dificuldade, como já mencionei acima. A dificuldade de entrar no deserto, de confrontar-se com o silêncio e com a solidão. Muitos de nós temos medo do silêncio, porque o silêncio nos conduz por uma estrada que nos faz olhar para nós mesmos. O silêncio nos conduz por caminhos que nos ajudam a perceber se caminhamos sem um destino, sem uma meta. E isso não é tão simples e nem fácil aceitar. Não é fácil a gente aceitar que entrou em caminho equivocado, as vezes caminhos errados, outras vezes caminhos de pecado. Esses são caminhos com vales, com montanhas que precisam ser aterrados para que o encontro com o Senhor aconteça. Aqui entendemos que a conversão não é uma questão, apenas, de vontade, mas é uma decisão de mudar o caminho, mudar o modo de viver. Sair de caminhos que não nos levam a lugar algum para caminhar nos caminhos de Deus, nos caminhos do Evangelho. Nesse tempo de proximidade do Natal e do Ano Novo é importante rever por quais caminhos conduzimos nossas vidas. Concluo repetindo o conselho de São Pedro, no final da 2ª leitura: “caríssimos, vivendo na esperança, esforçai-vos para que Deus vos encontre numa vida pura e sem mancha e em paz”. Amém!

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