domingo, 26 de fevereiro de 2012

1 Domingo da Quarema

1 – Aliados de Deus Nossa Quaresma começa com vários convites. O primeiro deles encontra-se na 1ª leitura, quando Deus propõe fazer aliança com a humanidade depois do dilúvio. Uma aliança que, entre outras coisas, tem como proposta a recriação da terra, com uma nova humanidade que viva de acordo com o projeto divino. Esse projeto é aquele que ouvimos Jesus proclamando como Reino de Deus, através do acolhimento do Evangelho. É por isso que a Igreja, com o salmista, suplica a graça de conhecer os caminhos de Deus, de andar pelos caminhos de Deus. A Quaresma, aliás, é um convite constante para se caminhar nos caminhos de Deus, nos caminhos do Evangelho, como ouvíamos de Jesus. Mas, voltemos ao início de nossa reflexão para sublinhar, uma vez mais, que Deus nos convida a fazer aliança com ele. Isso significa que Deus nos convida a sermos seus aliados. Aliado é alguém que comunga das mesmas idéias, do mesmo projeto, da mesma proposta de vida. 2 – Batismo, início da Aliança Nós sabemos, no entanto, que só podemos ser aliados de quem é igual a nós, de quem pensa como nós. Como, então, podemos ser aliados de Deus? Sim, podemos estar do lado de Deus porque fomos criados à imagem e semelhança de Deus e é isso que nos possibilita ser alguém capaz de fazer aliança com Deus e de ser um aliado de Deus. São Pedro, na 2ª leitura, lembrava que isso tem início no Batismo. No dia de nosso Batismo, portanto, nós nos tornamos aliados de Deus; nos colocamos ao lado de Deus e Deus se colocou de nosso lado para, juntos, refazer toda a criação. Desde o dia que nos tornamos aliados de Deus, o projeto do Reino tornou-se também nosso projeto. Não apenas pedimos em nossas orações que o mundo viva em paz, mas trabalhamos ao lado de Deus, para que a paz aconteça. Não apenas queremos que as pessoas vivam na fraternidade, mas estamos ao lado de Deus para que a fraternidade se torne realidade. Em outras palavras, nós assumimos como nosso o projeto divino. 3 – A importância da conversão A partir desse pensamento, entendemos a importância da conversão. Se quisermos ser aliados de Deus, precisamos pensar como Deus, ter a mentalidade de Deus. E isso acontece através de um processo, que chamamos de conversão. A conversão não é um fato isolado, uma decisão que tomamos de uma hora para outra, mas é um processo, que acontece aos poucos; pouco a pouco vai mudando a mentalidade, o modo de pensar, o modo de agir da gente. O modo para que isso aconteça, diz Jesus, é crer no Evangelho. Não apenas conhecer, não apenas ler, não apenas ouvir... mas crer. Confiar que o Evangelho não é uma teoria de Jesus, mas um projeto de vida de quem quer viver como aliado de Deus. A conversão não é um processo fácil e pode durar muitos anos num panorama de deserto, de local desabitado, sem caminhos e com muitas interrogações. Outro elemento que sempre estará presente nesse processo de conversão é a tentação. A tentação da dúvida, da incerteza, da impossibilidade de, em muitas ocasiões, não ter evidências. Quem se coloca num processo de conversão vive num deserto com anjos e demônios. Não faltará a consolação divina e nem tampouco faltarão as ameaças de quem chamará isso tudo de bobagem, de besteira... e proporá outros caminhos mais de acordo com as oportunidades de cada tempo. 4 – O projeto divino e a Campanha da Fraternidade Quanto as oportunidades de cada tempo, a mentalidade social, desse tempo de neo-liberalismo, aconselha a aproveitar o momento para lucrar mais. O projeto divino não visa lucros financeiros, mas a vida digna da pessoa humana, o bem-estar, a saúde da pessoa, como sugere a Campanha da Fraternidade desse ano. Nós vivemos na pele o interesse pelo lucro na preparação da Copa do Mundo aqui no Brasil. Quanto dinheiro e, o mais interessante, é que não falta dinheiro... quanta corrupção antes mesmo de começar os trabalhos mais avançados em vista da Copa. Para isso tem dinheiro porque o objetivo é o lucro. Que nossa gente, em especial os mais pobres, morram em corredores e nas portas de hospitais isso não importa e nem tem dinheiro. Por mais que gostemos de futebol, convenhamos que a vida humana vale bem mais que um campeonato esportivo. Se somos aliados de Deus, podemos torcer pelo Brasil na Copa de 2014, mas não concordamos, em absoluto, com a gastança que se faz enquanto a saúde pública é um caos. Esse é o apelo da conversão social, que a Igreja lança através da Campanha da Fraternidade. A sociedade é chamada a ser aliada de Deus para que todos possam gozar de saúde e serem atendidos em suas doenças. Amém!