Jo 1,19-28
A glória do precursor foi anunciar ao povo aquele que existia antes dele, que viria depois, e que lhe era muito superior. O Messias já estava presente, mas não era reconhecido como tal. Dar testemunho de Cristo, “o desconhecido” é também a nossa glória. O mundo conhece os segredos da natureza, das ciências e da técnica, mas conhece pouco o seu autor, e o Salvador que ele enviou.
João não promovia a si próprio, mas o Messias: No meio de vós está aquele que vem depois de mim. Eu não mereço desamarrar suas sandálias.
O homem moderno é vítima do seu próprio invento: a sociedade de consumo e bem-estar. No princípio do ano todos nos desejamos felicidades. No entanto, sabemos que é elevado o desencanto entre os jovens e adultos pela sociedade em que vivemos; desemprego, violência, discriminação social, ruptura familiar e conjugal, drogas, alcoolismo fome...
Felizmente, Cristo veio para acabar com os corações dilacerados. Ele é o dom de Deus, que no Natal nos trouxe alegria, e esta perdura para sempre. Ele se fez um de nós, nosso companheiro; amigo seu e meu, como se você e eu fôssemos os únicos. Tal é o poder do companheiro que ganhamos.
“Irmãos, estai sempre alegres! Rezai sem cessar. Daí graças em todas as circunstâncias... Aquele que vos chamou é fiel; ele cumprirá o que prometeu” (1Ts 5,16-18.24). É necessário o testemunho da alegria de Cristo, para uma sociedade com crise de valores.
A nossa sociedade precisa urgentemente de pessoas que lhe mostrem os autênticos valores espirituais e humanos: o desprendimento, a solidariedade, o amor, a fé e a oração, a coerência, a responsabilidade, a honestidade, a paixão pela verdade e por assumir os compromissos dados.
A única coisa que pode vencer a insatisfação profunda do homem atual é o testemunho pessoal e comunitário de alegria e esperança, oxigenadas na fé em Cristo, o “Deus conosco”. Assim, os obstáculos se transformam em trampolim para a felicidade e a alegria.
A exemplo de João Batista, o testemunho é um impacto que provoca interrogações, que no fim resultam em esperança e alegria. Ser testemunha é criar mistérios em volta, fazendo com que a vida sem Deus se torne um absurdo.
Como nos tempos de João Batista, há no nosso povo uma difusa esperança de que está para chegar algo mais seguro do que o que está aí, algo transcendente, mas com enorme força no contingente. Aí está o ambiente propício para o testemunho dos cristãos. Testemunho corajoso, explícito e vivencial, como o de João. Diante do relativismo estéril, esse testemunho apresenta o caminho, a verdade e a vida.
Um dia, um pai de família chegou em casa após o serviço, com uma calça nova. Mas a calça era muito comprida, precisava cortar três centímetros.
Havia três mulheres em casa, todas costureiras: a esposa, a nora e a filha.
Ele chegou para a esposa e falou: “Você pode tirar para mim três centímetros na barra desta calça? Eu gostaria de vesti-la amanhã cedo”. A esposa respondeu: “Eu estou muito cansada agora. Amanhã use uma calça velha mesmo”.
Então ele foi com a nora, que estava na televisão, e fez o mesmo pedido. Mas a nora também se recusou. “Eu não posso perder este capítulo da novela” – disse ela – “quem sabe amanhã eu arrumo”.
O homem não desistiu e procurou a filha. Esta respondeu: “Não posso, porque hoje eu tenho prova na escola, e preciso me preparar.”
Tudo bem. O homem pendurou a calça no guarda-roupa, tomou banho, jantou, viu o noticiário e foi dormir.
Uma meia hora depois, a esposa pensou e mudou de idéia. Pegou a calça e tirou os três centímetros. Depois deitou-se e dormiu.
Mais tarde, terminada a última novela, a nora ficou com dó do sogro, foi lá, pegou a calça e cortou mais três centímetros.
A filha chegou da escola tarde da noite e resolveu atender o pedido do pai. Pegou a calça e cortou mais três centímetros.
Resultado: no outro dia, o homem foi vestir a calça, dava no meio da canela!
É isso que dá a falta de diálogo, a má vontade e o comodismo dentro de casa. Assim nós não damos um bom testemunho de Cristo!
Maria Santíssima foi uma testemunha completa do seu Filho: testemunha clara, vivencial, humilde e perseverante. Que ela e João Batista nos ajudem!
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