Mc 1,40-45
Este Evangelho narra a cena da cura de um leproso. Ele “chegou perto de Jesus, e de joelhos pediu: ‘Se queres, tens o poder de curar-me’”. A fé é condição para recebermos as graças de Deus.
“Jesus, cheio de compaixão, estendeu a mão, tocou nele, e disse: ‘Eu quero: fica curado!’” O sentido literal da palavra compaixão é “sofrer junto”. Ela leva a pessoa a sofrer o mesmo que o outro está sofrendo. Só isso já é um alívio para o outro, porque sente que há alguém unido com ele naquela dor. Daí para frente, os dois juntos, com os recursos que têm, procuram sair do problema. É bem mais fácil lutarmos contra uma dificuldade, quando há alguém ao nosso lado, lutando junto. E mais: “Onde dois ou mais estiverem unidos em meu nome” – disse Jesus – “eu estou no meio deles” (Mt 18-20).
A lepra naquele tempo era considerada uma doença contagiosa. O leproso devia afastar-se das pessoas e viver sozinho, em um lugar isolado. Se alguém tocasse nele, ficava também impuro, tendo de ir morar junto com ele lá no deserto (Lv 5,5-6). Jesus amou tanto aquele doente, que enfrentou todo esse rigor da lei. Foi como se ele dissesse ao leproso: a sua dor é a minha dor; o seu problema é o meu problema.
“Jesus não podia mais entrar publicamente numa cidade: ficava fora, em lugares desertos.” Houve portanto uma troca de posições: o homem saiu do deserto e Jesus foi para o lugar dele. A compaixão muitas vezes leva a isso.
“Por toda parte, Jesus andou fazendo o bem” (At 10,38).
O cristão verdadeiro sente compaixão das pessoas que sofrem, e se une com elas, sem medo de “se sujar” ou de as coisas complicarem para si mesmo. Isso é solidariedade, a qual nasce da nossa compaixão.
Ele nunca fica neutro, mas assume o lado da verdade, da vida e dos mandamentos de Deus. Por isso que os cristãos facilmente “se queimam” ou “se estrepam”.
“Vai, mostra-te ao sacerdote e oferece, pela tua purificação, o que Moises ordenou, como prova para eles!” A prova é dupla: de que o homem está curado, portanto pode voltar ao convívio normal da sociedade; e de que foi Jesus que o curou, isto é, reintegrou na sociedade uma pessoa que os próprios sacerdotes haviam excluído. Aqueles sacerdotes se preocupavam em proteger o resto da sociedade, mas não se preocupavam em reintegrar nela os pobres doentes ou pecadores que haviam sido excluídos.
A nossa sociedade atual é parecida. Ela cria uma série de medidas para se proteger, por exemplo, contra a AIDS, mas não enfrenta a raiz do problema, que é o liberalismo total no uso do sexo. Ela cria FEBEM para se proteger contra o menor infrator, mas pouco se preocupa em recuperá-los e reintegrá-los na sociedade.
Hoje, há milhões de pessoas marginalizadas: pela fome, pela pobreza, pelo analfabetismo, pelo desemprego, pelas doenças... Cabe-nos uma pergunta: o que a nossa Comunidade está fazendo por eles? Nós nos preocupamos mais em colocar seguranças na porta da igreja, ou em recuperar essas pessoas? Colocar segurança na porta da igreja é uma atitude egoísta que só pensa no nosso lado, em nos proteger. Ela é válida, mas recuperar os marginalizados é muito mais importante e mais cristão.
“Não contes nada disso a ninguém!” Isso porque Jesus estava interessado em projetar não a si mesmo, mas a Comunidade cristã que ele estava criando. Ela, a Igreja, é a força de Deus no meio do povo. As pessoas sempre procuram alguém para se apoiar; Jesus quer o contrário: que a Comunidade cristã se apóie em si mesma, na sua união, com Deus no meio. Reino de Deus é povo unido, organizado e fiel a Deus.
“Ele foi e começou a contar.” A própria vida do ex-leproso já era por si um testemunho em favor de Jesus. É impossível esconder a luz. Evangelizar é falar bem de Jesus e de sua Igreja. Contar, espalhar os benefícios que eles nos fazem
Deus nem sempre nos cura e nos livra de todas as doenças. Ninguém fica eternamente na terra. Mas, se tivermos fé, Deus nos ajuda e transforma em bem as próprias doenças que sofremos.
Para os antigos, certas doenças, como a lepra, eram sinal de pecado; por isso os doentes eram desprezados. Jesus foi contra esse preconceito, ficava no meio dos doentes, tocava neles, amava-os e os curava.
Havia, certa vez, uma menina de uns oito aninhos, que se chamava Margarida. Quando chegou o dia do seu aniversário, ele levantou-se ansiosa. Mas ninguém falou nada!
De repente, na hora do café, a mãe veio com um presente. A Margarida abriu a caixa, era um par de sapatos muito bonito. Ela experimentou, serviu certinho.
Então pediu para a mãe: “Posso ir para a escola com esses sapatos?” “Sim”, respondeu a mãe.
Na escola, logo que as colegas viram, ficaram encantadas com os sapatos dela. A Margarida contou: “É porque hoje é o meu aniversário!” Todos a abraçaram.
De repente, a Margarida ficou triste: viu uma menina descalça! Coitada! Ela pode pisar em prego, em poça d’água, pegar doenças... E perguntou a garota: “Por que você está descalça?” Ela disse: “É porque eu não tenho sapatos. Sou pobre”. Margarida ficou triste.
Chegando em casa, ela pediu para a mãe: “Posso levar meus outros sapatos para uma colega da escola?” A mãe respondeu: “Sim, mas antes o limpe e engraxe”.
No dia seguinte, antes da aula, chamou a colega de lado e deu os sapatos. Ela experimentou, serviu certinho. Que bom! Agora a Margarida ficou contente.
Na hora do recreio, cada criança comia o lanche que trazia de casa. A Margarida percebeu que aquela menina não havia levado lanche. Dividiu com ela o seu lanche.
No outro dia cedo, antes de ir para a escola, ela pensou: vou levar dois lanches, um para mim e outro para aquela garota. Como a mãe tinha ido ao supermercado, ela mesma pegou dois pães, cortou-os no meio, foi até o fogão, destampou a panela e pôs a carne nos dois pães. Quando voltou da escola, às 11:30, contou para a mãe.
Mas a mãe falou: “Ah! Foi você? Eu pensei que tinha sido o gato e comeu a carne. Dei uma surra nele!”
A Margarida foi lá no fundo do quintal, encontrou o gato deitadinho e triste, e fez carinho nele.
Minutos depois, chegou o pai para almoçar. A Margarida estava no quarto e escutou a conversa. A mãe lhe disse: “Hoje eu ia fazer sopa; mas a Margarida pegou toda a carne da panela. Isso porque, além do lanche dela, fez outro para aquela tal colega a quem deu os sapatos”.
O pai gritou: “Margarida, vem cá!” É hoje que vou apanhar, pensou a Margarida. Abaixou a cabeça e foi. Quando chegou perto do pai, ele disse:
“Você fez uma coisa muito boa. De hoje em diante, todos os dias você vai levar para a escola dois lanches: um para você e outro para essa menina.” Em seguida, levantou a Margarida, abraçou-a e a beijou.
Que pena que existem tão poucas pessoas como a Margarida! Ou melhor, como Margarida e Jesus! Se houvesse mais, certamente o mundo seria bem mais feliz!
Que Maria Santíssima nos ajude a vivermos o “novo mandamento” do seu Filho: “Amai-vos uns aos outros!”
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