domingo, 29 de janeiro de 2012

Homilia do 4º Domingo Comum

1 – A missão de Jesus e sua identidade
Jesus entra na sinagoga e lá encontra um homem com um espírito do mal, que agride ferozmente Jesus, anunciando a sua identidade: “sei que és: és o Santo de Deus”. Jesus manda que se cale porque não precisa que o mal revele sua identidade, demonstrando desse modo que ele não veio ao mundo para ser exorcista — embora exerça essa atividade em muitas ocasiões — mas para ser presença da bondade divina no meio do mundo. Esse é um elemento muito importante, porque destaca a identidade de Jesus, não tanto como exorcista, mas como Mestre. “Ele ensina como quem tem autoridade”, dizia o povo. Ele tem um ensinamento que merece ser ouvido, seguido e vivenciado. Um ensinamento que liberta as pessoas do mal e das impurezas, capaz de calar o mal que fala e contamina a vida humana.

2 – Tomados pela impureza
Ouvimos no Evangelho que Jesus entra na sinagoga, um local onde os judeus se reúnem para ouvir a Palavra de Deus. Naquele local, onde a Palavra de Deus é proclamada e ouvida, havia um homem tomado pelo mal. Alguns estudiosos da Bíblia dizem que a melhor tradução deveria ser: “um homem contaminado pela impureza”. É um pequeno detalhe que ajuda a considerar nossas reações diante de Jesus, diante da proposta do Evangelho. Tantas vezes vivemos em contato com o Evangelho, com a Palavra de Deus... da mesma forma que aquele homem da sinagoga, um local onde a Palavra de Deus era anunciada, mas essa continuava sem efeito nele porque estava contaminado pela impureza. É um assunto muito sério, porque a impureza nos impede de acolher a Palavra de Deus em nós e nos impede de reagir e de pensar com a mesma mentalidade divina. A impureza na vida humana, especialmente a impureza espiritual, é um impedimento para se aproximar de Deus, para conseguir compreender Deus.



3 – As fontes da impureza
Muitas são as fontes da impureza, que impedem aproximar-nos de Deus, acolher em nós o Evangelho e crescer na espiritualidade. Existem muitos textos bíblicos que alertam para essa realidade da contaminação com a impureza do mundo que produz distanciamento das coisas de Deus. Quanto mais alguém dá atenção aos convites do mundo, mais distante de Deus essa pessoa se torna. Embora muitos de nós sequer tenhamos visto neve, podemos comparar a contaminação com a mentalidade do mundo a uma boa de neve. Começa pequena no alto da montanha e, à medida que vai descendo, aumenta seu volume e sua velocidade, tornando-se impossível de ser parada; só pára quando se esfacela e se reduz ao nada. É isso que causa o envolvimento com aquilo que provoca impureza na vida da pessoa. Começa simples, pequeno, com desculpas que posso controlar o que estou fazendo e, num dado momento, está rolando montanha abaixo, cada vez crescendo mais a ponto de um dia se esfacelar no nada. Conhecemos muitas pessoas que vivem esse processo de queda livre na impureza e no afastamento contínuo de Deus. Não adianta conselho, não adianta tentar abrir os olhos para mostrar o fim que o espera; nada adianta. Ao contrário, como o homem da sinagoga, quando se procura ajudar e propor Deus, reage ferozmente e agride, chamando isso tudo de besteira. Infelizmente, essa é a realidade de muitas famílias que convivem com pessoas contaminadas pela impureza do mundo e distantes de Deus.

5 – A Palavra de Jesus
O que causou admiração no povo foi a autoridade de Jesus, tanto no seu ensinamento como na expulsão do mal. Disso surge uma questão: “quem é esse homem?” A resposta: Jesus é alguém que ensina com autoridade e tem poder sobre o mal, sobre a impureza da vida humana. Primeiro o ensinamento, a qualidade de quem ensina com autoridade e, por isso, pode ser chamado de Mestre. Alguém que merece ser admirado, ouvido e, acima de tudo seguido. Alguém que nos ajuda a viver no mundo sem nos deixar contaminar com as coisas do mundo. Alguém que, com seu ensinamento, é capaz de conduzir a vida ao encontro da fonte da vida, que está em Deus. Para quem se propõe seguir Jesus, como refletimos nos Domingos anteriores, o seu ensinamento deixa de ser teoria e se torna luz que orienta e conduz para o bem. É dessa forma que, pouco a pouco, vai se formando uma espiritualidade dentro de nós, quer dizer, um modo de pensar e de agir que impede a contaminação com as impurezas do mundo. Vivemos no mundo, fazemos tudo que todo mundo faz: participamos de festas, torcemos por um time de futebol, trabalhamos, rimos e choramos, discutimos e até brigamos... mas temos uma luz que não permite a contaminação com a impureza: o Evangelho. Quem se ilumina no Evangelho se aproxima de Deus e quem está perto de Deus está bem consigo mesmo, com os outros e com aquilo que faz. Vale a pena, portanto, repetir o refrão do salmo responsorial: “hoje, não fecheis o vosso coração, mas ouvi a voz do Senhor”.

6. Certa vez, foi anunciado que o diabo deixaria o seu trabalho e por isso queria vender suas ferramentas. A data e o local da venda foram anunciados.

Quando chegou o dia, muita gente foi lá para ver que ferramentas o diabo usa. Logo que chegavam, viam as ferramentas expostas de uma maneira atraente, para despertar o interesse dos compradores. Estavam ali a malícia, o ódio, a luxúria, a inveja, o ciúme, a mentira, a fraude, a lisonja... Ali estavam todos os instrumentos do mal que o diabo usa. Cada ferramenta tinha o seu preço afixado.
Andando pela exposição, alguém encontrou, em um cantinho escuro, uma ferramenta. Ela tinha aparência inofensiva e apresentava sinais de ser bastante usada. O preço era altíssimo. O mais alto da exposição. E o nome da ferramenta: desânimo.
A pessoa procurou o diabo e perguntou por que aquela ferramenta era tão cara. Ele respondeu: “Porque ela me é muito útil. Os homens e as mulheres a aceitam facilmente, pensando que ela é inofensiva. Eles nem percebem que ela pertence a mim. E, depois que a acolhem, eu posso entrar dentro deles e agir à vontade, colocando as outras ferramentas que eu tenho para levar as pessoas para o inferno.
Cruz credo, não? Vamos tomar cuidado com o desânimo e nunca permitir que ele se instale em nós.
Deus está conosco, um amigo poderoso, zelando vinte e quatro horas pelo nosso bem e salvação. Vamos ouvi-lo e viver “fortes na fé, alegres na esperança e solícitos na caridade”.
Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo

Nenhum comentário:

Postar um comentário