domingo, 26 de fevereiro de 2012
1 Domingo da Quarema
1 – Aliados de Deus
Nossa Quaresma começa com vários convites. O primeiro deles encontra-se na 1ª leitura, quando Deus propõe fazer aliança com a humanidade depois do dilúvio. Uma aliança que, entre outras coisas, tem como proposta a recriação da terra, com uma nova humanidade que viva de acordo com o projeto divino. Esse projeto é aquele que ouvimos Jesus proclamando como Reino de Deus, através do acolhimento do Evangelho. É por isso que a Igreja, com o salmista, suplica a graça de conhecer os caminhos de Deus, de andar pelos caminhos de Deus. A Quaresma, aliás, é um convite constante para se caminhar nos caminhos de Deus, nos caminhos do Evangelho, como ouvíamos de Jesus. Mas, voltemos ao início de nossa reflexão para sublinhar, uma vez mais, que Deus nos convida a fazer aliança com ele. Isso significa que Deus nos convida a sermos seus aliados. Aliado é alguém que comunga das mesmas idéias, do mesmo projeto, da mesma proposta de vida.
2 – Batismo, início da Aliança
Nós sabemos, no entanto, que só podemos ser aliados de quem é igual a nós, de quem pensa como nós. Como, então, podemos ser aliados de Deus? Sim, podemos estar do lado de Deus porque fomos criados à imagem e semelhança de Deus e é isso que nos possibilita ser alguém capaz de fazer aliança com Deus e de ser um aliado de Deus. São Pedro, na 2ª leitura, lembrava que isso tem início no Batismo. No dia de nosso Batismo, portanto, nós nos tornamos aliados de Deus; nos colocamos ao lado de Deus e Deus se colocou de nosso lado para, juntos, refazer toda a criação. Desde o dia que nos tornamos aliados de Deus, o projeto do Reino tornou-se também nosso projeto. Não apenas pedimos em nossas orações que o mundo viva em paz, mas trabalhamos ao lado de Deus, para que a paz aconteça. Não apenas queremos que as pessoas vivam na fraternidade, mas estamos ao lado de Deus para que a fraternidade se torne realidade. Em outras palavras, nós assumimos como nosso o projeto divino.
3 – A importância da conversão
A partir desse pensamento, entendemos a importância da conversão. Se quisermos ser aliados de Deus, precisamos pensar como Deus, ter a mentalidade de Deus. E isso acontece através de um processo, que chamamos de conversão. A conversão não é um fato isolado, uma decisão que tomamos de uma hora para outra, mas é um processo, que acontece aos poucos; pouco a pouco vai mudando a mentalidade, o modo de pensar, o modo de agir da gente. O modo para que isso aconteça, diz Jesus, é crer no Evangelho. Não apenas conhecer, não apenas ler, não apenas ouvir... mas crer. Confiar que o Evangelho não é uma teoria de Jesus, mas um projeto de vida de quem quer viver como aliado de Deus. A conversão não é um processo fácil e pode durar muitos anos num panorama de deserto, de local desabitado, sem caminhos e com muitas interrogações. Outro elemento que sempre estará presente nesse processo de conversão é a tentação. A tentação da dúvida, da incerteza, da impossibilidade de, em muitas ocasiões, não ter evidências. Quem se coloca num processo de conversão vive num deserto com anjos e demônios. Não faltará a consolação divina e nem tampouco faltarão as ameaças de quem chamará isso tudo de bobagem, de besteira... e proporá outros caminhos mais de acordo com as oportunidades de cada tempo.
4 – O projeto divino e a Campanha da Fraternidade
Quanto as oportunidades de cada tempo, a mentalidade social, desse tempo de neo-liberalismo, aconselha a aproveitar o momento para lucrar mais. O projeto divino não visa lucros financeiros, mas a vida digna da pessoa humana, o bem-estar, a saúde da pessoa, como sugere a Campanha da Fraternidade desse ano. Nós vivemos na pele o interesse pelo lucro na preparação da Copa do Mundo aqui no Brasil. Quanto dinheiro e, o mais interessante, é que não falta dinheiro... quanta corrupção antes mesmo de começar os trabalhos mais avançados em vista da Copa. Para isso tem dinheiro porque o objetivo é o lucro. Que nossa gente, em especial os mais pobres, morram em corredores e nas portas de hospitais isso não importa e nem tem dinheiro. Por mais que gostemos de futebol, convenhamos que a vida humana vale bem mais que um campeonato esportivo. Se somos aliados de Deus, podemos torcer pelo Brasil na Copa de 2014, mas não concordamos, em absoluto, com a gastança que se faz enquanto a saúde pública é um caos. Esse é o apelo da conversão social, que a Igreja lança através da Campanha da Fraternidade. A sociedade é chamada a ser aliada de Deus para que todos possam gozar de saúde e serem atendidos em suas doenças. Amém!
domingo, 29 de janeiro de 2012
Homilia do 4º Domingo Comum
1 – A missão de Jesus e sua identidade
Jesus entra na sinagoga e lá encontra um homem com um espírito do mal, que agride ferozmente Jesus, anunciando a sua identidade: “sei que és: és o Santo de Deus”. Jesus manda que se cale porque não precisa que o mal revele sua identidade, demonstrando desse modo que ele não veio ao mundo para ser exorcista — embora exerça essa atividade em muitas ocasiões — mas para ser presença da bondade divina no meio do mundo. Esse é um elemento muito importante, porque destaca a identidade de Jesus, não tanto como exorcista, mas como Mestre. “Ele ensina como quem tem autoridade”, dizia o povo. Ele tem um ensinamento que merece ser ouvido, seguido e vivenciado. Um ensinamento que liberta as pessoas do mal e das impurezas, capaz de calar o mal que fala e contamina a vida humana.
2 – Tomados pela impureza
Ouvimos no Evangelho que Jesus entra na sinagoga, um local onde os judeus se reúnem para ouvir a Palavra de Deus. Naquele local, onde a Palavra de Deus é proclamada e ouvida, havia um homem tomado pelo mal. Alguns estudiosos da Bíblia dizem que a melhor tradução deveria ser: “um homem contaminado pela impureza”. É um pequeno detalhe que ajuda a considerar nossas reações diante de Jesus, diante da proposta do Evangelho. Tantas vezes vivemos em contato com o Evangelho, com a Palavra de Deus... da mesma forma que aquele homem da sinagoga, um local onde a Palavra de Deus era anunciada, mas essa continuava sem efeito nele porque estava contaminado pela impureza. É um assunto muito sério, porque a impureza nos impede de acolher a Palavra de Deus em nós e nos impede de reagir e de pensar com a mesma mentalidade divina. A impureza na vida humana, especialmente a impureza espiritual, é um impedimento para se aproximar de Deus, para conseguir compreender Deus.
3 – As fontes da impureza
Muitas são as fontes da impureza, que impedem aproximar-nos de Deus, acolher em nós o Evangelho e crescer na espiritualidade. Existem muitos textos bíblicos que alertam para essa realidade da contaminação com a impureza do mundo que produz distanciamento das coisas de Deus. Quanto mais alguém dá atenção aos convites do mundo, mais distante de Deus essa pessoa se torna. Embora muitos de nós sequer tenhamos visto neve, podemos comparar a contaminação com a mentalidade do mundo a uma boa de neve. Começa pequena no alto da montanha e, à medida que vai descendo, aumenta seu volume e sua velocidade, tornando-se impossível de ser parada; só pára quando se esfacela e se reduz ao nada. É isso que causa o envolvimento com aquilo que provoca impureza na vida da pessoa. Começa simples, pequeno, com desculpas que posso controlar o que estou fazendo e, num dado momento, está rolando montanha abaixo, cada vez crescendo mais a ponto de um dia se esfacelar no nada. Conhecemos muitas pessoas que vivem esse processo de queda livre na impureza e no afastamento contínuo de Deus. Não adianta conselho, não adianta tentar abrir os olhos para mostrar o fim que o espera; nada adianta. Ao contrário, como o homem da sinagoga, quando se procura ajudar e propor Deus, reage ferozmente e agride, chamando isso tudo de besteira. Infelizmente, essa é a realidade de muitas famílias que convivem com pessoas contaminadas pela impureza do mundo e distantes de Deus.
5 – A Palavra de Jesus
O que causou admiração no povo foi a autoridade de Jesus, tanto no seu ensinamento como na expulsão do mal. Disso surge uma questão: “quem é esse homem?” A resposta: Jesus é alguém que ensina com autoridade e tem poder sobre o mal, sobre a impureza da vida humana. Primeiro o ensinamento, a qualidade de quem ensina com autoridade e, por isso, pode ser chamado de Mestre. Alguém que merece ser admirado, ouvido e, acima de tudo seguido. Alguém que nos ajuda a viver no mundo sem nos deixar contaminar com as coisas do mundo. Alguém que, com seu ensinamento, é capaz de conduzir a vida ao encontro da fonte da vida, que está em Deus. Para quem se propõe seguir Jesus, como refletimos nos Domingos anteriores, o seu ensinamento deixa de ser teoria e se torna luz que orienta e conduz para o bem. É dessa forma que, pouco a pouco, vai se formando uma espiritualidade dentro de nós, quer dizer, um modo de pensar e de agir que impede a contaminação com as impurezas do mundo. Vivemos no mundo, fazemos tudo que todo mundo faz: participamos de festas, torcemos por um time de futebol, trabalhamos, rimos e choramos, discutimos e até brigamos... mas temos uma luz que não permite a contaminação com a impureza: o Evangelho. Quem se ilumina no Evangelho se aproxima de Deus e quem está perto de Deus está bem consigo mesmo, com os outros e com aquilo que faz. Vale a pena, portanto, repetir o refrão do salmo responsorial: “hoje, não fecheis o vosso coração, mas ouvi a voz do Senhor”.
6. Certa vez, foi anunciado que o diabo deixaria o seu trabalho e por isso queria vender suas ferramentas. A data e o local da venda foram anunciados.
Quando chegou o dia, muita gente foi lá para ver que ferramentas o diabo usa. Logo que chegavam, viam as ferramentas expostas de uma maneira atraente, para despertar o interesse dos compradores. Estavam ali a malícia, o ódio, a luxúria, a inveja, o ciúme, a mentira, a fraude, a lisonja... Ali estavam todos os instrumentos do mal que o diabo usa. Cada ferramenta tinha o seu preço afixado.
Andando pela exposição, alguém encontrou, em um cantinho escuro, uma ferramenta. Ela tinha aparência inofensiva e apresentava sinais de ser bastante usada. O preço era altíssimo. O mais alto da exposição. E o nome da ferramenta: desânimo.
A pessoa procurou o diabo e perguntou por que aquela ferramenta era tão cara. Ele respondeu: “Porque ela me é muito útil. Os homens e as mulheres a aceitam facilmente, pensando que ela é inofensiva. Eles nem percebem que ela pertence a mim. E, depois que a acolhem, eu posso entrar dentro deles e agir à vontade, colocando as outras ferramentas que eu tenho para levar as pessoas para o inferno.
Cruz credo, não? Vamos tomar cuidado com o desânimo e nunca permitir que ele se instale em nós.
Deus está conosco, um amigo poderoso, zelando vinte e quatro horas pelo nosso bem e salvação. Vamos ouvi-lo e viver “fortes na fé, alegres na esperança e solícitos na caridade”.
Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo
Jesus entra na sinagoga e lá encontra um homem com um espírito do mal, que agride ferozmente Jesus, anunciando a sua identidade: “sei que és: és o Santo de Deus”. Jesus manda que se cale porque não precisa que o mal revele sua identidade, demonstrando desse modo que ele não veio ao mundo para ser exorcista — embora exerça essa atividade em muitas ocasiões — mas para ser presença da bondade divina no meio do mundo. Esse é um elemento muito importante, porque destaca a identidade de Jesus, não tanto como exorcista, mas como Mestre. “Ele ensina como quem tem autoridade”, dizia o povo. Ele tem um ensinamento que merece ser ouvido, seguido e vivenciado. Um ensinamento que liberta as pessoas do mal e das impurezas, capaz de calar o mal que fala e contamina a vida humana.
2 – Tomados pela impureza
Ouvimos no Evangelho que Jesus entra na sinagoga, um local onde os judeus se reúnem para ouvir a Palavra de Deus. Naquele local, onde a Palavra de Deus é proclamada e ouvida, havia um homem tomado pelo mal. Alguns estudiosos da Bíblia dizem que a melhor tradução deveria ser: “um homem contaminado pela impureza”. É um pequeno detalhe que ajuda a considerar nossas reações diante de Jesus, diante da proposta do Evangelho. Tantas vezes vivemos em contato com o Evangelho, com a Palavra de Deus... da mesma forma que aquele homem da sinagoga, um local onde a Palavra de Deus era anunciada, mas essa continuava sem efeito nele porque estava contaminado pela impureza. É um assunto muito sério, porque a impureza nos impede de acolher a Palavra de Deus em nós e nos impede de reagir e de pensar com a mesma mentalidade divina. A impureza na vida humana, especialmente a impureza espiritual, é um impedimento para se aproximar de Deus, para conseguir compreender Deus.
3 – As fontes da impureza
Muitas são as fontes da impureza, que impedem aproximar-nos de Deus, acolher em nós o Evangelho e crescer na espiritualidade. Existem muitos textos bíblicos que alertam para essa realidade da contaminação com a impureza do mundo que produz distanciamento das coisas de Deus. Quanto mais alguém dá atenção aos convites do mundo, mais distante de Deus essa pessoa se torna. Embora muitos de nós sequer tenhamos visto neve, podemos comparar a contaminação com a mentalidade do mundo a uma boa de neve. Começa pequena no alto da montanha e, à medida que vai descendo, aumenta seu volume e sua velocidade, tornando-se impossível de ser parada; só pára quando se esfacela e se reduz ao nada. É isso que causa o envolvimento com aquilo que provoca impureza na vida da pessoa. Começa simples, pequeno, com desculpas que posso controlar o que estou fazendo e, num dado momento, está rolando montanha abaixo, cada vez crescendo mais a ponto de um dia se esfacelar no nada. Conhecemos muitas pessoas que vivem esse processo de queda livre na impureza e no afastamento contínuo de Deus. Não adianta conselho, não adianta tentar abrir os olhos para mostrar o fim que o espera; nada adianta. Ao contrário, como o homem da sinagoga, quando se procura ajudar e propor Deus, reage ferozmente e agride, chamando isso tudo de besteira. Infelizmente, essa é a realidade de muitas famílias que convivem com pessoas contaminadas pela impureza do mundo e distantes de Deus.
5 – A Palavra de Jesus
O que causou admiração no povo foi a autoridade de Jesus, tanto no seu ensinamento como na expulsão do mal. Disso surge uma questão: “quem é esse homem?” A resposta: Jesus é alguém que ensina com autoridade e tem poder sobre o mal, sobre a impureza da vida humana. Primeiro o ensinamento, a qualidade de quem ensina com autoridade e, por isso, pode ser chamado de Mestre. Alguém que merece ser admirado, ouvido e, acima de tudo seguido. Alguém que nos ajuda a viver no mundo sem nos deixar contaminar com as coisas do mundo. Alguém que, com seu ensinamento, é capaz de conduzir a vida ao encontro da fonte da vida, que está em Deus. Para quem se propõe seguir Jesus, como refletimos nos Domingos anteriores, o seu ensinamento deixa de ser teoria e se torna luz que orienta e conduz para o bem. É dessa forma que, pouco a pouco, vai se formando uma espiritualidade dentro de nós, quer dizer, um modo de pensar e de agir que impede a contaminação com as impurezas do mundo. Vivemos no mundo, fazemos tudo que todo mundo faz: participamos de festas, torcemos por um time de futebol, trabalhamos, rimos e choramos, discutimos e até brigamos... mas temos uma luz que não permite a contaminação com a impureza: o Evangelho. Quem se ilumina no Evangelho se aproxima de Deus e quem está perto de Deus está bem consigo mesmo, com os outros e com aquilo que faz. Vale a pena, portanto, repetir o refrão do salmo responsorial: “hoje, não fecheis o vosso coração, mas ouvi a voz do Senhor”.
6. Certa vez, foi anunciado que o diabo deixaria o seu trabalho e por isso queria vender suas ferramentas. A data e o local da venda foram anunciados.
Quando chegou o dia, muita gente foi lá para ver que ferramentas o diabo usa. Logo que chegavam, viam as ferramentas expostas de uma maneira atraente, para despertar o interesse dos compradores. Estavam ali a malícia, o ódio, a luxúria, a inveja, o ciúme, a mentira, a fraude, a lisonja... Ali estavam todos os instrumentos do mal que o diabo usa. Cada ferramenta tinha o seu preço afixado.
Andando pela exposição, alguém encontrou, em um cantinho escuro, uma ferramenta. Ela tinha aparência inofensiva e apresentava sinais de ser bastante usada. O preço era altíssimo. O mais alto da exposição. E o nome da ferramenta: desânimo.
A pessoa procurou o diabo e perguntou por que aquela ferramenta era tão cara. Ele respondeu: “Porque ela me é muito útil. Os homens e as mulheres a aceitam facilmente, pensando que ela é inofensiva. Eles nem percebem que ela pertence a mim. E, depois que a acolhem, eu posso entrar dentro deles e agir à vontade, colocando as outras ferramentas que eu tenho para levar as pessoas para o inferno.
Cruz credo, não? Vamos tomar cuidado com o desânimo e nunca permitir que ele se instale em nós.
Deus está conosco, um amigo poderoso, zelando vinte e quatro horas pelo nosso bem e salvação. Vamos ouvi-lo e viver “fortes na fé, alegres na esperança e solícitos na caridade”.
Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo
quinta-feira, 26 de janeiro de 2012
ENVIOU-OS DOIS A DOIS.
Lc 10,1-9
Hoje celebramos a memória de dois bispos da Igreja primitiva: S. Timóteo e S. Tito. Eles eram companheiros do Apóstolo S. Paulo. Os nomes deles aparecem freqüentemente no livro dos Atos dos Apóstolos. Inclusive, S. Paulo escreveu duas cartas a Timóteo e uma a Tito.
O Evangelho, próprio da memória, narra o envio dos setenta e dois discípulos. Todos os líderes cristãos são os continuadores daqueles setenta e dois, inclusive S. Timóteo e S. Tito. Jesus os enviou dois a dois, não um por um. Isso porque “onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou ali, no meio deles” (Mt 18,20). Portanto, é ele que vai agir através dos seus discípulos.
S. Tito é provavelmente natural de Antioquia. Foi fiel colaborador de S. Paulo em suas viagens apostólicas, e recebeu dele algumas missões importantes, como levar uma coleta para os cristãos de Jerusalém (2Cor 8,6) e ir a Corinto pacificar a Comunidade que estava em briga. Um dia ele foi com S. Paulo à ilha de Creta, e acabou sendo nomeado bispo de lá, onde ficou até a morte.
Quanto a Timóteo, o chamado dele está narrado em At 16,1-5: “Paulo foi para Derbe e Listra. Havia em Listra um discípulo chamado Timóteo, filho de uma judia que abraçara a fé, e de pai grego. Os irmãos de Listra e Icônio davam bom testemunho dele. Paulo quis então que Timóteo partisse com ele. Tomou-o consigo e circuncidou-o, por causa dos judeus que se encontravam nessas regiões, pois todos sabiam que o pai dele era grego. Percorrendo as cidades, Paulo e Timóteo... As Igrejas fortaleciam-se na fé e, de dia para dia, cresciam em número.” Está aí um exemplo bonito de como que Deus chama as pessoas. Daí para frente, Timóteo tornou-se não só companheiro de Paulo, mas amigo dele.
Nos Atos dos Apóstolos e nas cartas de S. Paulo há inúmeros elogios de Paulo a Timóteo. É interessante o que Paulo escreve a ele na 2Tm 1,3-5: “Dou graças a Deus – a quem sirvo de consciência pura, como aprendi de meus pais – quando, sem cessar, noite e dia, faço menção de ti em minhas orações. Lembro-me de tuas lágrimas. Sinto grande desejo de rever-te e, assim, encher-me de alegria. Recordo-me da fé sincera que há em ti, fé que habitou, primeiro, em tua avó Loide e em tua mãe Eunice, que certamente habita também em ti”.
Esse texto mostra como que a fé passa de geração em geração, de pais para filhos. Dona Loide tinha muita fé, por isso a sua filha Eunice também tinha. E Timóteo tinha muita fé, porque herdou da sua mãe Eunice. A fé e os bons costumes vão passando de geração em geração. É interessante que S. Paulo, antes de se referir aos antepassados de Timóteo, lembra-se dos próprios pais: “...como aprendi de meus pais”. Em outras palavras, Paulo está dizendo que deve a seus pais a fé que tem. Nós sabemos que os pais de S. Paulo eram judeus fiéis e sinceros. Por isso Paulo deu cabeçadas, mas acabou acertando o caminho. Assim acontece hoje com os filhos de famílias boas. Alguns tropeçam, têm altos e baixos, mas o que acaba prevalecendo é a fé recebida em casa.
O mesmo acontece com a falta de fé e a vida em pecado. Também isso vai passando de pai ou mãe para filho... É o que diz o provérbio: “Tal pai tal filho”. Nós herdamos de nossos pais não só as características físicas e de temperamento, mas também as virtudes ou os defeitos. A família é a formadora das pessoas. É dentro dela que nasce o homem e a mulher de amanhã.
Quando Paulo estava velhinho, nomeou Timóteo bispo de Éfeso, cargo que exerceu até a morte.
Havia, certa vez, um menino de dez anos, que tinha muita vontade de bater um papo com seu pai, mas este nunca tinha tempo para ele.
O pai era psicólogo famoso e seu consultório estava sempre cheio.
Um dia, o garoto teve uma idéia: foi ao consultório e marcou uma consulta com o pai, mas pediu à secretária que não lhe contasse que era seu filho. No primeiro dia vago, a consulta ficou marcada para as quinze horas.
No dia e horário marcados, o menino apareceu. Quando saiu o cliente das catorze horas, o médico telefonou à secretária pedindo que mandasse o cliente das quinze horas.
Quando o pai viu o filho, enfiou a mão no bolso e disse, em tom repreensivo: “Fale logo quanto você quer, porque eu vou atender o cliente das quinze horas”. O garoto respondeu: o cliente das quinze horas sou eu!
Nesta hora, o pai, que se julgava um homem bom, caiu das nuvens. Entendeu o pecado que vinha cometendo, de não conversar com o filho em casa.
Sentou-se ao lado do menino, abraçou-o, os dois de emoção, depois disse: “Pode falar, filho, você tem uma hora para conversar com seu pai. E hoje à noite terá mais tempo. Não só hoje, mas todas as noites”. E os dois conversaram, como velhos amigos, sobre as bobagens de criança.
Para que os pais possam ter filhos que se tornem bons cidadãos e bons cristãos, e assim lhes dêem alegria no futuro, é necessário ter tempo para eles!
Hoje celebramos a memória de dois bispos da Igreja primitiva: S. Timóteo e S. Tito. Eles eram companheiros do Apóstolo S. Paulo. Os nomes deles aparecem freqüentemente no livro dos Atos dos Apóstolos. Inclusive, S. Paulo escreveu duas cartas a Timóteo e uma a Tito.
O Evangelho, próprio da memória, narra o envio dos setenta e dois discípulos. Todos os líderes cristãos são os continuadores daqueles setenta e dois, inclusive S. Timóteo e S. Tito. Jesus os enviou dois a dois, não um por um. Isso porque “onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou ali, no meio deles” (Mt 18,20). Portanto, é ele que vai agir através dos seus discípulos.
S. Tito é provavelmente natural de Antioquia. Foi fiel colaborador de S. Paulo em suas viagens apostólicas, e recebeu dele algumas missões importantes, como levar uma coleta para os cristãos de Jerusalém (2Cor 8,6) e ir a Corinto pacificar a Comunidade que estava em briga. Um dia ele foi com S. Paulo à ilha de Creta, e acabou sendo nomeado bispo de lá, onde ficou até a morte.
Quanto a Timóteo, o chamado dele está narrado em At 16,1-5: “Paulo foi para Derbe e Listra. Havia em Listra um discípulo chamado Timóteo, filho de uma judia que abraçara a fé, e de pai grego. Os irmãos de Listra e Icônio davam bom testemunho dele. Paulo quis então que Timóteo partisse com ele. Tomou-o consigo e circuncidou-o, por causa dos judeus que se encontravam nessas regiões, pois todos sabiam que o pai dele era grego. Percorrendo as cidades, Paulo e Timóteo... As Igrejas fortaleciam-se na fé e, de dia para dia, cresciam em número.” Está aí um exemplo bonito de como que Deus chama as pessoas. Daí para frente, Timóteo tornou-se não só companheiro de Paulo, mas amigo dele.
Nos Atos dos Apóstolos e nas cartas de S. Paulo há inúmeros elogios de Paulo a Timóteo. É interessante o que Paulo escreve a ele na 2Tm 1,3-5: “Dou graças a Deus – a quem sirvo de consciência pura, como aprendi de meus pais – quando, sem cessar, noite e dia, faço menção de ti em minhas orações. Lembro-me de tuas lágrimas. Sinto grande desejo de rever-te e, assim, encher-me de alegria. Recordo-me da fé sincera que há em ti, fé que habitou, primeiro, em tua avó Loide e em tua mãe Eunice, que certamente habita também em ti”.
Esse texto mostra como que a fé passa de geração em geração, de pais para filhos. Dona Loide tinha muita fé, por isso a sua filha Eunice também tinha. E Timóteo tinha muita fé, porque herdou da sua mãe Eunice. A fé e os bons costumes vão passando de geração em geração. É interessante que S. Paulo, antes de se referir aos antepassados de Timóteo, lembra-se dos próprios pais: “...como aprendi de meus pais”. Em outras palavras, Paulo está dizendo que deve a seus pais a fé que tem. Nós sabemos que os pais de S. Paulo eram judeus fiéis e sinceros. Por isso Paulo deu cabeçadas, mas acabou acertando o caminho. Assim acontece hoje com os filhos de famílias boas. Alguns tropeçam, têm altos e baixos, mas o que acaba prevalecendo é a fé recebida em casa.
O mesmo acontece com a falta de fé e a vida em pecado. Também isso vai passando de pai ou mãe para filho... É o que diz o provérbio: “Tal pai tal filho”. Nós herdamos de nossos pais não só as características físicas e de temperamento, mas também as virtudes ou os defeitos. A família é a formadora das pessoas. É dentro dela que nasce o homem e a mulher de amanhã.
Quando Paulo estava velhinho, nomeou Timóteo bispo de Éfeso, cargo que exerceu até a morte.
Havia, certa vez, um menino de dez anos, que tinha muita vontade de bater um papo com seu pai, mas este nunca tinha tempo para ele.
O pai era psicólogo famoso e seu consultório estava sempre cheio.
Um dia, o garoto teve uma idéia: foi ao consultório e marcou uma consulta com o pai, mas pediu à secretária que não lhe contasse que era seu filho. No primeiro dia vago, a consulta ficou marcada para as quinze horas.
No dia e horário marcados, o menino apareceu. Quando saiu o cliente das catorze horas, o médico telefonou à secretária pedindo que mandasse o cliente das quinze horas.
Quando o pai viu o filho, enfiou a mão no bolso e disse, em tom repreensivo: “Fale logo quanto você quer, porque eu vou atender o cliente das quinze horas”. O garoto respondeu: o cliente das quinze horas sou eu!
Nesta hora, o pai, que se julgava um homem bom, caiu das nuvens. Entendeu o pecado que vinha cometendo, de não conversar com o filho em casa.
Sentou-se ao lado do menino, abraçou-o, os dois de emoção, depois disse: “Pode falar, filho, você tem uma hora para conversar com seu pai. E hoje à noite terá mais tempo. Não só hoje, mas todas as noites”. E os dois conversaram, como velhos amigos, sobre as bobagens de criança.
Para que os pais possam ter filhos que se tornem bons cidadãos e bons cristãos, e assim lhes dêem alegria no futuro, é necessário ter tempo para eles!
quarta-feira, 25 de janeiro de 2012
IDE PELO MUNDO INTEIRO E ANUNCIAI O EVANGELHO.
Mc 16,15-18
Hoje nós celebramos com alegria a festa da Conversão de S. Paulo, Apóstolo. Como a festa caiu no domingo, ela seria omitida. Mas este ano é especial, porque estamos celebrando o Ano Paulino, que é a comemoração dos dois mil anos do nascimento de S. Paulo. Ele nasceu em Tarso, na Cilícia, que pertence à atual Turquia.
A primeira Leitura narra um discurso que Paulo fez no Templo de Jerusalém, diante de uma multidão agitada que queria matá-lo. Paulo começa dizendo: “Eu sou judeu, nascido na Cilícia, mas foi criado aqui nesta cidade. Como discípulo de Gamaliel, fui instruído em todo o rigor da Lei de nossos antepassados, tornando-me zeloso da causa de Deus, como acontece hoje convosco” (At 22,3). Em seguida, Paulo narra a sua conversão.
Mais tarde ele dirá: “Fui constituído arauto e apóstolo, mestre dos pagãos na fé e na verdade” (1Tm 2,7). Era assim que S. Paulo entendia a sua vocação. Hoje nós entendemos que ele era mestre não só para a sua geração, mas para todas as gerações posteriores, é nosso mestre.
Nós não estamos, neste Jubilei, festejando alguém do passado, em sim um irmão atual, presente todos os dias em nossa via e nos orientando.
Quem é S. Paulo? O que ele me fala? Vejamos alguns textos: “Eu vivo, mas não eu: é Cristo que vive em mim” (Gal 2,20). Tudo o que Paulo faz, parte desta sua experiência de ser amado por Jesus de um modo pessoal; parte da consciência que Cristo morreu por amor a ele, Paulo. Portanto a sua fé não é uma teoria, mas uma experiência, uma experiência de amor.
Paulo é um homem forte e combativo, que sabe manejar a espada da palavra. “Apesar de ter sofrido maus tratos e ultrajes em Filipos... o nosso Deus nos deu coragem e segurança para vos anunciar o seu Evangelho... Aliás, sabeis muito bem que nunca bajulamos ninguém, nem fomos movidos por alguma ambição disfarçada” (1Ts 2,2.5). Para ele, a verdade era por demais grande e sagrada, e não a sacrificava por nada. A verdade que ele descobriu no encontro com o Ressuscitado merecia, por ela, toda luta, toda perseguição, todo sofrimento. Mas o que mais o motivava era a certeza de ser amado por Jesus.
S. Paulo era um homem livre. Para ele, o que vale é o amor. “Ama, e faze o que queres” (Santo Agostinho). Quem ama a Cristo como Paulo amava, pode realmente fazer o que quiser, porque o amor liga a nossa vontade à vontade de Cristo.
No caminho de Damasco, Cristo fala a Paulo: “Por que me persegues?” Paulo pergunta: “Quem és tu, Senhor?” Cristo responde: “Eu sou Jesus, o Nazareno, a quem tu estás perseguindo” (At 9,7-8). Cristo se identifica com a Igreja. Ele se tornou carne, e a Igreja continua sendo a sua carne. A partir dessa experiência, Paulo vê a Igreja como Corpo de Cristo. Servir à Igreja é servir a Cristo, entende Paulo.
Concluamos com uma frase de Paulo a Timóteo, que vale para nós: “Não te envergonhes de testemunhar a favor de Nosso Senhor Jesus Cristo... pois Deus nos chamou com uma vocação santa, não em atenção às nossas obras, mas por causa do plano salvífico e da sua graça, que nos foi dada no Cristo Jesus” (2Tm 1,8-9).
Uma das qualidades mais admiráveis de S. Paulo é a garra com que ele assumia as coisas. Quando, seguindo as idéias do seu professor Gamaliel, achava que o cristianismo era um mal, ele o perseguiu de corpo e alma. Quando, iluminado por Cristo, percebeu que o cristianismo era um bem, dedicou-se de corpo e alma a esta nova religião. O mundo precisa de pessoas assim, que não ficam apenas em teorias, mas se dedicam a transformar o mundo, de acordo com as convicções que têm.
Nós agradecemos a Deus ter chamado Paulo e tê-lo feito Apóstolo dos pagãos e nosso Mestre. E lhe pedimos que nos ajude a amar muito a Cristo e ser suas testemunhas.
Havia, certa vez, na periferia de uma cidade grande, uma Comunidade cristã que, por não ter onde se reunir, fazia as celebrações no centro comunitário do bairro, que pertencia à prefeitura.
A assistente social da prefeitura procurou a líder da Comunidade e lhe pediu que no próximo domingo avisasse o povo que aquela seria a última celebração no centro comunitário, pois dali para frente estava proibido. A líder, angustiada, passou a rezar muito pedindo a Deus que a iluminasse como dar esse aviso.
Antes de iniciar a celebração, ela teve uma idéia. Conversou com a equipe coordenadora e todos concordaram. Então, no final da celebração, ela deu o seguinte aviso:
“A assistente social nos proibiu de reunir aqui. Nós não vemos motivo para isso, pois no domingo de manhã não há atividades no centro comunitário. Amanhã, às oito horas da manhã, ela estará aqui. Nós, a coordenação da Comunidade, convidamos alguns de vocês para virem aqui a fim de conversarmos com ela.” Três pessoas levantaram a mão.
Um senhor de barba e bigode disse: “Se não mudar de idéia, daqui mesmo iremos à prefeitura conversar com o sr. Prefeito”.
Mas no dia seguinte, quando a assistente social chegou ao centro comunitário, estavam ali reunidas perto de oitenta pessoas. A maioria ela conhecia, pois eram mães e pais de crianças que freqüentavam o centro. Havia inclusive um alto-falante portátil já preparado para animar a caminhada até a prefeitura.
Ao ver aquele povão e saber do plano, a assistente social tremia como vara verde. Ela pegou o microfone e disse: “Não! Não há problema! Podem continuar usando o centro comunitário para as celebrações. Fica o dito por não dito”. Evidentemente, ela viu o seu emprego ameaçado, caso aquele povo fosse até a prefeitura.
S. Paulo era um líder cristão, que assumia a dianteira em todas as causas a favor de Cristo e da Igreja. Que ele interceda por nós!
S. Paulo tem um texto belíssimo sobre Nossa Senhora: “Quando se completou o tempo previsto, Deus enviou seu Filho, nascido de uma mulher... e assim todos nós recebemos a dignidade de Deus” (Gal 4,4-5). Nós agradecemos também a Maria ter assumido ser Mãe de Jesus, dando-nos este presente de sermos filhos e filhas de Deus.
Hoje nós celebramos com alegria a festa da Conversão de S. Paulo, Apóstolo. Como a festa caiu no domingo, ela seria omitida. Mas este ano é especial, porque estamos celebrando o Ano Paulino, que é a comemoração dos dois mil anos do nascimento de S. Paulo. Ele nasceu em Tarso, na Cilícia, que pertence à atual Turquia.
A primeira Leitura narra um discurso que Paulo fez no Templo de Jerusalém, diante de uma multidão agitada que queria matá-lo. Paulo começa dizendo: “Eu sou judeu, nascido na Cilícia, mas foi criado aqui nesta cidade. Como discípulo de Gamaliel, fui instruído em todo o rigor da Lei de nossos antepassados, tornando-me zeloso da causa de Deus, como acontece hoje convosco” (At 22,3). Em seguida, Paulo narra a sua conversão.
Mais tarde ele dirá: “Fui constituído arauto e apóstolo, mestre dos pagãos na fé e na verdade” (1Tm 2,7). Era assim que S. Paulo entendia a sua vocação. Hoje nós entendemos que ele era mestre não só para a sua geração, mas para todas as gerações posteriores, é nosso mestre.
Nós não estamos, neste Jubilei, festejando alguém do passado, em sim um irmão atual, presente todos os dias em nossa via e nos orientando.
Quem é S. Paulo? O que ele me fala? Vejamos alguns textos: “Eu vivo, mas não eu: é Cristo que vive em mim” (Gal 2,20). Tudo o que Paulo faz, parte desta sua experiência de ser amado por Jesus de um modo pessoal; parte da consciência que Cristo morreu por amor a ele, Paulo. Portanto a sua fé não é uma teoria, mas uma experiência, uma experiência de amor.
Paulo é um homem forte e combativo, que sabe manejar a espada da palavra. “Apesar de ter sofrido maus tratos e ultrajes em Filipos... o nosso Deus nos deu coragem e segurança para vos anunciar o seu Evangelho... Aliás, sabeis muito bem que nunca bajulamos ninguém, nem fomos movidos por alguma ambição disfarçada” (1Ts 2,2.5). Para ele, a verdade era por demais grande e sagrada, e não a sacrificava por nada. A verdade que ele descobriu no encontro com o Ressuscitado merecia, por ela, toda luta, toda perseguição, todo sofrimento. Mas o que mais o motivava era a certeza de ser amado por Jesus.
S. Paulo era um homem livre. Para ele, o que vale é o amor. “Ama, e faze o que queres” (Santo Agostinho). Quem ama a Cristo como Paulo amava, pode realmente fazer o que quiser, porque o amor liga a nossa vontade à vontade de Cristo.
No caminho de Damasco, Cristo fala a Paulo: “Por que me persegues?” Paulo pergunta: “Quem és tu, Senhor?” Cristo responde: “Eu sou Jesus, o Nazareno, a quem tu estás perseguindo” (At 9,7-8). Cristo se identifica com a Igreja. Ele se tornou carne, e a Igreja continua sendo a sua carne. A partir dessa experiência, Paulo vê a Igreja como Corpo de Cristo. Servir à Igreja é servir a Cristo, entende Paulo.
Concluamos com uma frase de Paulo a Timóteo, que vale para nós: “Não te envergonhes de testemunhar a favor de Nosso Senhor Jesus Cristo... pois Deus nos chamou com uma vocação santa, não em atenção às nossas obras, mas por causa do plano salvífico e da sua graça, que nos foi dada no Cristo Jesus” (2Tm 1,8-9).
Uma das qualidades mais admiráveis de S. Paulo é a garra com que ele assumia as coisas. Quando, seguindo as idéias do seu professor Gamaliel, achava que o cristianismo era um mal, ele o perseguiu de corpo e alma. Quando, iluminado por Cristo, percebeu que o cristianismo era um bem, dedicou-se de corpo e alma a esta nova religião. O mundo precisa de pessoas assim, que não ficam apenas em teorias, mas se dedicam a transformar o mundo, de acordo com as convicções que têm.
Nós agradecemos a Deus ter chamado Paulo e tê-lo feito Apóstolo dos pagãos e nosso Mestre. E lhe pedimos que nos ajude a amar muito a Cristo e ser suas testemunhas.
Havia, certa vez, na periferia de uma cidade grande, uma Comunidade cristã que, por não ter onde se reunir, fazia as celebrações no centro comunitário do bairro, que pertencia à prefeitura.
A assistente social da prefeitura procurou a líder da Comunidade e lhe pediu que no próximo domingo avisasse o povo que aquela seria a última celebração no centro comunitário, pois dali para frente estava proibido. A líder, angustiada, passou a rezar muito pedindo a Deus que a iluminasse como dar esse aviso.
Antes de iniciar a celebração, ela teve uma idéia. Conversou com a equipe coordenadora e todos concordaram. Então, no final da celebração, ela deu o seguinte aviso:
“A assistente social nos proibiu de reunir aqui. Nós não vemos motivo para isso, pois no domingo de manhã não há atividades no centro comunitário. Amanhã, às oito horas da manhã, ela estará aqui. Nós, a coordenação da Comunidade, convidamos alguns de vocês para virem aqui a fim de conversarmos com ela.” Três pessoas levantaram a mão.
Um senhor de barba e bigode disse: “Se não mudar de idéia, daqui mesmo iremos à prefeitura conversar com o sr. Prefeito”.
Mas no dia seguinte, quando a assistente social chegou ao centro comunitário, estavam ali reunidas perto de oitenta pessoas. A maioria ela conhecia, pois eram mães e pais de crianças que freqüentavam o centro. Havia inclusive um alto-falante portátil já preparado para animar a caminhada até a prefeitura.
Ao ver aquele povão e saber do plano, a assistente social tremia como vara verde. Ela pegou o microfone e disse: “Não! Não há problema! Podem continuar usando o centro comunitário para as celebrações. Fica o dito por não dito”. Evidentemente, ela viu o seu emprego ameaçado, caso aquele povo fosse até a prefeitura.
S. Paulo era um líder cristão, que assumia a dianteira em todas as causas a favor de Cristo e da Igreja. Que ele interceda por nós!
S. Paulo tem um texto belíssimo sobre Nossa Senhora: “Quando se completou o tempo previsto, Deus enviou seu Filho, nascido de uma mulher... e assim todos nós recebemos a dignidade de Deus” (Gal 4,4-5). Nós agradecemos também a Maria ter assumido ser Mãe de Jesus, dando-nos este presente de sermos filhos e filhas de Deus.
sábado, 21 de janeiro de 2012
Homilia do 3º Domingo Comum
1 – Uma bomba para destruir tudo
Num dia desses, conversando sobre a situação social e política com alguns amigos, um deles disse: “sabe o que precisaria acontecer? Jogar uma bomba em Brasília e destruir tudo.” Lembrei-me desse amigo enquanto preparava a reflexão desse Domingo. Ele assumira a mesma mentalidade de Jonas, quando foi enviado a Nínive. Ao se deparar com a situação de corrupção, de imoralidade, de enganação e injustiça que havia na cidade, ele deduziu: a única coisa que Deus pode fazer com essa gente é destruir tudo. Hoje, ouvimos a proclamação da profecia de Jonas com acordes mais suaves, mas a sua intenção original era outra. No fundo, ele ardia de vontade para que Níneve fosse destruída. Tanto assim que, se você continuar a ler o texto que ouvimos hoje, encontrará Jonas magoado com Deus porque não destruiu a cidade. Eu penso que, as vezes, a mentalidade de Jonas é mais forte em nós que a mentalidade divina. Diante de certas situações difíceis da vida, preferimos a destruição que a salvação. Um exemplo apenas: quantos casais poderiam refazer a família depois de uma crise, mas preferiram a destruição e partir para outra vida com mágoas que nunca cicatrizam.
2 – Jesus, um profeta diferente
Jesus é um profeta bem diferente de Jonas. Não é tinhoso e nem se magoa com Deus. Ao contrário: é concorde com a proposta divina. Ele mesmo diz que não veio até nós para condenar o mundo, mas para salvá-lo (Jo 3,17). Por isso, não estamos sendo nada cristãos quando buscamos na violência e na destruição o caminho para resolver nossos problemas e dificuldades. Existem coisas que precisam ser recomeçadas e existem coisas que precisam ser consertadas, como pescadores que consertam as redes, na barca da vida. Na vida social acontece a mesma coisa. Não é cristão compartilhar propostas que destroem vidas, que facilitam a destruição de famílias, que incentivem o uso social do álcool, por exemplo, porta de drogas mais pesadas, que resultará na destruição de tantas pessoas. Quando Jesus passa, ele convida para ser pescadores de homens, para ser pescadores de vidas humanas, para pescar a humanidade perdida em tanta gente e evitar a destruição da vida pela corrupção, pela violência, pela enganação dos outros, pela exploração dos mais pobres, pelo uso de drogas e tantas coisas mais.
3 – O símbolo da rede
Isso vale também para a nossa vida pessoal. Não se pode admitir que alguém destrua a própria vida dizendo: “a vida é minha e eu faço dela o que eu quero”. A vida é sua, é verdade, mas nenhuma vida se realiza na destruição. Considere o comportamento de quem faz dos fins de semana uma bebedeira só. Entram num processo de destruição da própria vida e isso começa a reclamar dentro deles, com comportamentos tipicamente anti-sociais: relacionamentos difíceis dentro de casa, brigas, gritaria, enfraquecimento intelectual, incapacidade de perspectivas futuras... ora, quando isso começa a aparecer na vida, o resultado é a revolta. É o processo de quem não produz mais vida; ao contrário, a destrói. E quando a vida dentro da gente percebe que está sendo destruída, que está sendo matada, ela grita, protesta, pede socorro. Quando Jesus chamou aqueles dois que estavam consertando as redes, entendemos que a proposta de Jesus é chamar pessoas que ajudem a consertar a vida, isto é, a valorizar a própria vida e a vida dos outros. Somos chamados para pescar vidas e não destruí-la.
4 – Proposta de mudar de vida
É com esse olhar de vocacionados e vocacionadas da promoção da vida, da valorização da vida, prontos a combater tudo que seja motivo de destruição da vida, que entendemos o convite de Jonas e de Jesus apelando para a conversão. É claro que não basta conhecer o anúncio da conversão; é preciso algo mais que isso: é preciso deixar as redes e a barca para caminhar na mesma estrada de Jesus. É preciso acreditar no convite e se dispor a caminhar ouvindo Jesus. A destruição de uma sociedade como a de Níneve não é castigo de Deus, mas é o resultado evidente do desrespeito à vida. O apego ao mundo, criticado por Paulo, na 2ª leitura — tão fortemente sentido em nossos dias — é um sentimento que se transforma em caminho auto-destruidor da própria existência e impede uma convivência sadia e fraterna com os outros. Por isso, quando Jesus chama para ser pescadores de homens, está propondo uma missão aos seus discípulos e discípulas: pescar quem se perdeu no mar do mundo e recuperá-lo para a vida, pois assim encontrará o caminho para Deus. Amém!
Num dia desses, conversando sobre a situação social e política com alguns amigos, um deles disse: “sabe o que precisaria acontecer? Jogar uma bomba em Brasília e destruir tudo.” Lembrei-me desse amigo enquanto preparava a reflexão desse Domingo. Ele assumira a mesma mentalidade de Jonas, quando foi enviado a Nínive. Ao se deparar com a situação de corrupção, de imoralidade, de enganação e injustiça que havia na cidade, ele deduziu: a única coisa que Deus pode fazer com essa gente é destruir tudo. Hoje, ouvimos a proclamação da profecia de Jonas com acordes mais suaves, mas a sua intenção original era outra. No fundo, ele ardia de vontade para que Níneve fosse destruída. Tanto assim que, se você continuar a ler o texto que ouvimos hoje, encontrará Jonas magoado com Deus porque não destruiu a cidade. Eu penso que, as vezes, a mentalidade de Jonas é mais forte em nós que a mentalidade divina. Diante de certas situações difíceis da vida, preferimos a destruição que a salvação. Um exemplo apenas: quantos casais poderiam refazer a família depois de uma crise, mas preferiram a destruição e partir para outra vida com mágoas que nunca cicatrizam.
2 – Jesus, um profeta diferente
Jesus é um profeta bem diferente de Jonas. Não é tinhoso e nem se magoa com Deus. Ao contrário: é concorde com a proposta divina. Ele mesmo diz que não veio até nós para condenar o mundo, mas para salvá-lo (Jo 3,17). Por isso, não estamos sendo nada cristãos quando buscamos na violência e na destruição o caminho para resolver nossos problemas e dificuldades. Existem coisas que precisam ser recomeçadas e existem coisas que precisam ser consertadas, como pescadores que consertam as redes, na barca da vida. Na vida social acontece a mesma coisa. Não é cristão compartilhar propostas que destroem vidas, que facilitam a destruição de famílias, que incentivem o uso social do álcool, por exemplo, porta de drogas mais pesadas, que resultará na destruição de tantas pessoas. Quando Jesus passa, ele convida para ser pescadores de homens, para ser pescadores de vidas humanas, para pescar a humanidade perdida em tanta gente e evitar a destruição da vida pela corrupção, pela violência, pela enganação dos outros, pela exploração dos mais pobres, pelo uso de drogas e tantas coisas mais.
3 – O símbolo da rede
Isso vale também para a nossa vida pessoal. Não se pode admitir que alguém destrua a própria vida dizendo: “a vida é minha e eu faço dela o que eu quero”. A vida é sua, é verdade, mas nenhuma vida se realiza na destruição. Considere o comportamento de quem faz dos fins de semana uma bebedeira só. Entram num processo de destruição da própria vida e isso começa a reclamar dentro deles, com comportamentos tipicamente anti-sociais: relacionamentos difíceis dentro de casa, brigas, gritaria, enfraquecimento intelectual, incapacidade de perspectivas futuras... ora, quando isso começa a aparecer na vida, o resultado é a revolta. É o processo de quem não produz mais vida; ao contrário, a destrói. E quando a vida dentro da gente percebe que está sendo destruída, que está sendo matada, ela grita, protesta, pede socorro. Quando Jesus chamou aqueles dois que estavam consertando as redes, entendemos que a proposta de Jesus é chamar pessoas que ajudem a consertar a vida, isto é, a valorizar a própria vida e a vida dos outros. Somos chamados para pescar vidas e não destruí-la.
4 – Proposta de mudar de vida
É com esse olhar de vocacionados e vocacionadas da promoção da vida, da valorização da vida, prontos a combater tudo que seja motivo de destruição da vida, que entendemos o convite de Jonas e de Jesus apelando para a conversão. É claro que não basta conhecer o anúncio da conversão; é preciso algo mais que isso: é preciso deixar as redes e a barca para caminhar na mesma estrada de Jesus. É preciso acreditar no convite e se dispor a caminhar ouvindo Jesus. A destruição de uma sociedade como a de Níneve não é castigo de Deus, mas é o resultado evidente do desrespeito à vida. O apego ao mundo, criticado por Paulo, na 2ª leitura — tão fortemente sentido em nossos dias — é um sentimento que se transforma em caminho auto-destruidor da própria existência e impede uma convivência sadia e fraterna com os outros. Por isso, quando Jesus chama para ser pescadores de homens, está propondo uma missão aos seus discípulos e discípulas: pescar quem se perdeu no mar do mundo e recuperá-lo para a vida, pois assim encontrará o caminho para Deus. Amém!
OS PARENTES DE JESUS DIZIAM QUE ELE ESTAVA FORA DE SI.
Mc 3,20-21
Este Evangelho narra a incompreensão dos próprios parentes de Jesus a respeito dele. “Nem os seus irmãos (primos e parentes) acreditavam nele” (Jo 7,5). A expressão “fora de si” significa o que dizemos hoje: “perdeu a cabeça”.
Jesus não perdeu a cabeça, mas que suas idéias eram muito diferentes da mentalidade do seu povo eram. Basta ver o discurso das bem-aventuranças, em que ele chama de felizes os pobres e os perseguidos por causa do Reino de Deus; o pedido para darmos a outra face para quem nos esbofeteia; o pedido de perdoarmos os nossos inimigos; o sentido que dá para a autoridade: é serviço e não poder; o pedido para darmos também a túnica a quem nos roupa ou toma a capa... Tudo isso, frente à mentalidade do mundo, não só daquele tempo mas também de hoje, é loucura.
A incompreensão de que Jesus foi vítima, até por parte de seus discípulos, ilumina-nos sobre a situação dos cristãos e da Igreja hoje. Muitos não a chamam de “louca”, mas quase. Logo no versículo seguinte, Marcos fala: “Os escribas vindos de Jerusalém, diziam que Jesus estava endemoninhado”.
Na História da Igreja, todos os cristãos e cristãs que levaram a sério o Evangelho foram taxados de loucos. Por exemplo, S. Francisco, que foi chamado de louco por seu próprio pai, rico comerciante.
Como os parentes de Jesus, também nós queremos reduzir aos limites do “razoável” a chama abrasadora do Evangelho e o escândalo da cruz. Se os santos tivessem pensado em termos “razoáveis”, não teriam sido canonizados. Se nós não arriscarmos as nossas seguranças “razoáveis”, não iremos longe no seguimento de Jesus. Porque o “razoável”, aquilo que todo mundo faz, não passa de mesquinha mediocridade.
Para seguirmos bem a Cristo, precisamos nos deixar conduzir pelo amor, o qual é criativo, é livre, “desculpa tudo, crê tudo, espera tudo, suporta tudo. O amor jamais acabará” (1Cor 13,7-8). Conhecer ou desconhecer Cristo é questão de fé ou incredulidade, de amor ou desamor. A fé e o amor são dons de Deus que ultrapassam o mundo. “A pregação da cruz é loucura para os que se perdem, mas para os que são salvos, para nós, ela é força de Deus. Pois está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios e confundirei a inteligência dos inteligentes” (1Cor 1,18-19).
Certa vez, numa comunidade religiosa masculina, um irmão ficou com dó do padre superior que estava com uma gripe muito forte. Então resolveu fazer um chá para o padre, que era bastante nervoso.
Ele terminou de preparar o chá às 21:30 horas. Colocou numa bandeja o bule com o chá e uma xícara, subiu a escada e bateu na porta do quarto do superior. Este já veio súper nervoso. Abriu a porta e o irmão lhe disse: “Eu vi que o senhor não estava bem de saúde e preparei um chá. Está aqui”.
Mas o superior naquele momento descarregou todo o seu nervosismo: “Eu já estava dormindo e você vem me acordar! Bem agora que estou doente. Onde já se viu!...” Quando ele fez uma pausa, o irmão perguntou: “Então o senhor não vai querer o chá?”
Batendo o pé, o padre respondeu: “Não quero saber de chá não...” Calmamente, o irmão lhe disse: “Então, padre, por favor, segure a bandeja para que eu possa tomar o chá!”
O superior não teve outra saída senão segurar a bandeja, enquanto o irmão, com um sorriso, tomava o chá na frente dele.
“Eis que vos envio como cordeiros para o meio de lobos” (Lc 10,3). O cristão às vezes toma atitudes que parecem loucura diante do mundo pecador, mas não são nada mais que vivência do Evangelho.
Maria Santíssima tomou uma atitude bastante corajosa e incomum, ficando ao pé da cruz junto do Filho. Que ela nos ajude, quando estivermos sendo atacados e criticados por seguir o Evangelho.
Este Evangelho narra a incompreensão dos próprios parentes de Jesus a respeito dele. “Nem os seus irmãos (primos e parentes) acreditavam nele” (Jo 7,5). A expressão “fora de si” significa o que dizemos hoje: “perdeu a cabeça”.
Jesus não perdeu a cabeça, mas que suas idéias eram muito diferentes da mentalidade do seu povo eram. Basta ver o discurso das bem-aventuranças, em que ele chama de felizes os pobres e os perseguidos por causa do Reino de Deus; o pedido para darmos a outra face para quem nos esbofeteia; o pedido de perdoarmos os nossos inimigos; o sentido que dá para a autoridade: é serviço e não poder; o pedido para darmos também a túnica a quem nos roupa ou toma a capa... Tudo isso, frente à mentalidade do mundo, não só daquele tempo mas também de hoje, é loucura.
A incompreensão de que Jesus foi vítima, até por parte de seus discípulos, ilumina-nos sobre a situação dos cristãos e da Igreja hoje. Muitos não a chamam de “louca”, mas quase. Logo no versículo seguinte, Marcos fala: “Os escribas vindos de Jerusalém, diziam que Jesus estava endemoninhado”.
Na História da Igreja, todos os cristãos e cristãs que levaram a sério o Evangelho foram taxados de loucos. Por exemplo, S. Francisco, que foi chamado de louco por seu próprio pai, rico comerciante.
Como os parentes de Jesus, também nós queremos reduzir aos limites do “razoável” a chama abrasadora do Evangelho e o escândalo da cruz. Se os santos tivessem pensado em termos “razoáveis”, não teriam sido canonizados. Se nós não arriscarmos as nossas seguranças “razoáveis”, não iremos longe no seguimento de Jesus. Porque o “razoável”, aquilo que todo mundo faz, não passa de mesquinha mediocridade.
Para seguirmos bem a Cristo, precisamos nos deixar conduzir pelo amor, o qual é criativo, é livre, “desculpa tudo, crê tudo, espera tudo, suporta tudo. O amor jamais acabará” (1Cor 13,7-8). Conhecer ou desconhecer Cristo é questão de fé ou incredulidade, de amor ou desamor. A fé e o amor são dons de Deus que ultrapassam o mundo. “A pregação da cruz é loucura para os que se perdem, mas para os que são salvos, para nós, ela é força de Deus. Pois está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios e confundirei a inteligência dos inteligentes” (1Cor 1,18-19).
Certa vez, numa comunidade religiosa masculina, um irmão ficou com dó do padre superior que estava com uma gripe muito forte. Então resolveu fazer um chá para o padre, que era bastante nervoso.
Ele terminou de preparar o chá às 21:30 horas. Colocou numa bandeja o bule com o chá e uma xícara, subiu a escada e bateu na porta do quarto do superior. Este já veio súper nervoso. Abriu a porta e o irmão lhe disse: “Eu vi que o senhor não estava bem de saúde e preparei um chá. Está aqui”.
Mas o superior naquele momento descarregou todo o seu nervosismo: “Eu já estava dormindo e você vem me acordar! Bem agora que estou doente. Onde já se viu!...” Quando ele fez uma pausa, o irmão perguntou: “Então o senhor não vai querer o chá?”
Batendo o pé, o padre respondeu: “Não quero saber de chá não...” Calmamente, o irmão lhe disse: “Então, padre, por favor, segure a bandeja para que eu possa tomar o chá!”
O superior não teve outra saída senão segurar a bandeja, enquanto o irmão, com um sorriso, tomava o chá na frente dele.
“Eis que vos envio como cordeiros para o meio de lobos” (Lc 10,3). O cristão às vezes toma atitudes que parecem loucura diante do mundo pecador, mas não são nada mais que vivência do Evangelho.
Maria Santíssima tomou uma atitude bastante corajosa e incomum, ficando ao pé da cruz junto do Filho. Que ela nos ajude, quando estivermos sendo atacados e criticados por seguir o Evangelho.
sexta-feira, 20 de janeiro de 2012
CHAMOU OS QUE ELE QUIS, PARA QUE FICASSEM COM ELE E PARA ENVIÁ-LOS.
Mc 3,13-19
Este Evangelho narra o chamado dos doze Apóstolos, palavra de origem grega que significa “enviados”. O número doze evoca as doze tribos de Israel.
O texto começa dizendo que Jesus “subiu ao monte”. É uma expressão com reminiscências bíblicas muito marcantes. Os montes da Bíblia, mais que acidente topográfico, são lugares de teofania, isto é, de presença, revelação e ação de Deus. Por exemplo, o monte Sinai, o monte Horeb, o monte das bem-aventuranças, o da transfiguração... Este citado no Evangelho de hoje se tornou o monte da investidura apostólica. A intenção de Jesus não foi criar um grupo separado do povo, mas guias para a Igreja, o novo Povo de Deus, que ele começava a fundar.
“Chamou os que ele quis.” A vocação é de iniciativa divina. Por que Deus chama a este e não aquele ou aquela, é mistério que não entendemos. O certo é que, para uma missão ou outra, todos somos chamados. E a gente só é feliz, vivendo na vocação que Deus nos deu.
“Chamou-os para que ficassem com ele e para enviá-los.” Primeiro, nós ficamos junto de Jesus, a fim de aprender dele a Boa Nova do Reino de Deus. Aprender e viver. Depois é que somos enviados. Foi o que aconteceu com esses Apóstolos. Só mais tarde é que foram enviados a pregar. E mesmo depois de enviados, Jesus sempre os chamava para um descanso, confraternização e oração juntos. Se não fazemos isso, nós nos esvaziamos; ninguém dá o que não tem. “Como é bom, como é agradável os irmãos viverem juntos!” (Sl 133,1).
“Deu-lhes autoridade para expulsar demônios.” Ao enviá-los, Jesus os capacitou para a missão, dando-lhes todos os recursos e condições necessárias para cumprirem bem a tarefa. Na lista dos Apóstolos, aparece em primeiro lugar Pedro, que é o chefe, o centro de unidade do grupo e de toda a Igreja. Judas Iscariotes aparece em último lugar porque foi o traidor. É importante pensar bem, antes de assumir uma vocação, porque precisamos perseverar até a morte, como fizeram os onze Apóstolos.
No grupo dos Apóstolos havia grande diversidade de caracteres, de temperamentos, de culturas, de mentalidades, de origem... São as diferenças que fazem a riqueza de um grupo. A convivência se torna, às vezes, difícil, mas é preferível.
Consta-nos que quatro deles eram pescadores: Pedro e André, Tiago e João. Mateus era funcionário público. Simão, o zelota, foi membro da resistência aos romanos. Filipe era um judeu aberto. Tiago era, ao contrário, muito conservador. E os outros eram gente simples e desconhecida do povo. Nenhum foi influente na sociedade nem intelectual. Como se vê, para realizar a sua obra, Jesus preferiu gente que não tinha peso social, para que se manifestasse melhor a ação e a força salvadora de Deus.
O Pe. Pedro Donders viveu no Séc. XIX no Suriname. Ele era diretor espiritual de um leprosário chamado Batávia, uma vila que abrigava quatrocentos doentes. Donders conhecia a todos e era amigo deles.
Um dia, o governo mandou que fossem retiradas da vila todas as crianças, para que não fossem contaminadas.
Os pais protestaram. Em toda parte, só se ouvia gritos e choro, e impediam a saída dos seus filhos. Nem a polícia deu conta de retirá-los.
Pediram a ajuda do Padre Donders. Ele reuniu os pais rebeldes e mostrou-lhes que se tratava da saúde dos seus filhos. Depois, com bondade e acolhimento, procurou ouvir cada um, resolvendo as dúvidas e esclarecendo. Resultado: o povo caiu em si, acalmou-se e permitiu a saída das crianças.
Sobrou apenas um senhor que havia fugido para o mato, prometendo se matar, se levassem o seu filho. Donders foi atrás dele e o convenceu. O homem voltou e entregou-lhe seu filho.
Quando Deus chama uma pessoa para determinada missão, capacita-a e dá-lhe todas as condições para exercer bem a sua vocação.
Quando Jesus subiu para o céu, os Apóstolos se sentiram muito confusos e até meio perdidos. Maria Santíssima foi ficar com eles, aguardando a vinda do Espírito Santo (Cf At 1,14). Que Maria nos ajude também a vivermos a nossa vocação, especialmente nas horas difíceis.
Este Evangelho narra o chamado dos doze Apóstolos, palavra de origem grega que significa “enviados”. O número doze evoca as doze tribos de Israel.
O texto começa dizendo que Jesus “subiu ao monte”. É uma expressão com reminiscências bíblicas muito marcantes. Os montes da Bíblia, mais que acidente topográfico, são lugares de teofania, isto é, de presença, revelação e ação de Deus. Por exemplo, o monte Sinai, o monte Horeb, o monte das bem-aventuranças, o da transfiguração... Este citado no Evangelho de hoje se tornou o monte da investidura apostólica. A intenção de Jesus não foi criar um grupo separado do povo, mas guias para a Igreja, o novo Povo de Deus, que ele começava a fundar.
“Chamou os que ele quis.” A vocação é de iniciativa divina. Por que Deus chama a este e não aquele ou aquela, é mistério que não entendemos. O certo é que, para uma missão ou outra, todos somos chamados. E a gente só é feliz, vivendo na vocação que Deus nos deu.
“Chamou-os para que ficassem com ele e para enviá-los.” Primeiro, nós ficamos junto de Jesus, a fim de aprender dele a Boa Nova do Reino de Deus. Aprender e viver. Depois é que somos enviados. Foi o que aconteceu com esses Apóstolos. Só mais tarde é que foram enviados a pregar. E mesmo depois de enviados, Jesus sempre os chamava para um descanso, confraternização e oração juntos. Se não fazemos isso, nós nos esvaziamos; ninguém dá o que não tem. “Como é bom, como é agradável os irmãos viverem juntos!” (Sl 133,1).
“Deu-lhes autoridade para expulsar demônios.” Ao enviá-los, Jesus os capacitou para a missão, dando-lhes todos os recursos e condições necessárias para cumprirem bem a tarefa. Na lista dos Apóstolos, aparece em primeiro lugar Pedro, que é o chefe, o centro de unidade do grupo e de toda a Igreja. Judas Iscariotes aparece em último lugar porque foi o traidor. É importante pensar bem, antes de assumir uma vocação, porque precisamos perseverar até a morte, como fizeram os onze Apóstolos.
No grupo dos Apóstolos havia grande diversidade de caracteres, de temperamentos, de culturas, de mentalidades, de origem... São as diferenças que fazem a riqueza de um grupo. A convivência se torna, às vezes, difícil, mas é preferível.
Consta-nos que quatro deles eram pescadores: Pedro e André, Tiago e João. Mateus era funcionário público. Simão, o zelota, foi membro da resistência aos romanos. Filipe era um judeu aberto. Tiago era, ao contrário, muito conservador. E os outros eram gente simples e desconhecida do povo. Nenhum foi influente na sociedade nem intelectual. Como se vê, para realizar a sua obra, Jesus preferiu gente que não tinha peso social, para que se manifestasse melhor a ação e a força salvadora de Deus.
O Pe. Pedro Donders viveu no Séc. XIX no Suriname. Ele era diretor espiritual de um leprosário chamado Batávia, uma vila que abrigava quatrocentos doentes. Donders conhecia a todos e era amigo deles.
Um dia, o governo mandou que fossem retiradas da vila todas as crianças, para que não fossem contaminadas.
Os pais protestaram. Em toda parte, só se ouvia gritos e choro, e impediam a saída dos seus filhos. Nem a polícia deu conta de retirá-los.
Pediram a ajuda do Padre Donders. Ele reuniu os pais rebeldes e mostrou-lhes que se tratava da saúde dos seus filhos. Depois, com bondade e acolhimento, procurou ouvir cada um, resolvendo as dúvidas e esclarecendo. Resultado: o povo caiu em si, acalmou-se e permitiu a saída das crianças.
Sobrou apenas um senhor que havia fugido para o mato, prometendo se matar, se levassem o seu filho. Donders foi atrás dele e o convenceu. O homem voltou e entregou-lhe seu filho.
Quando Deus chama uma pessoa para determinada missão, capacita-a e dá-lhe todas as condições para exercer bem a sua vocação.
Quando Jesus subiu para o céu, os Apóstolos se sentiram muito confusos e até meio perdidos. Maria Santíssima foi ficar com eles, aguardando a vinda do Espírito Santo (Cf At 1,14). Que Maria nos ajude também a vivermos a nossa vocação, especialmente nas horas difíceis.
quarta-feira, 18 de janeiro de 2012
É PERMITIDO NO SÁBADO FAZER O BEM OU FAZER O MAL?
Mc 3,1-6
Este Evangelho narra a cura do homem que tinha a mão seca. Jesus entrou na sinagoga e viu o doente lá no canto da sinagoga. Como era sábado, alguns observavam para ver se ele ia curar o homem no sábado, pois, segundo a tradição deles, era proibido.
Jesus falou para o homem: “Levanta-te e fica aqui no meio”. Em seguida perguntou ao povo: “É permitido no sábado fazer o bem ou fazer o mal? Salvar uma vida ou deixá-la morrer?” A lei do descanso sabático foi criada para beneficiar o povo. Portanto, no sábado é permitido fazer o bem e curar uma pessoa doente! Entretanto, devido a essa cura, já tramaram a morte de Jesus.
O nosso saudoso Papa João Paulo II, na preparação para o jubileu do ano 2000, apresentou esta frase de Jesus: “Levanta-te e fica aqui no meio”, como a nossa missão do terceiro milênio.
Jesus chamou o homem para o espaço central da sinagoga porque ele estava na beira da parede, separado do povo, humilhado, pois sua doença era considerada castigo de Deus. Jesus fez um gesto de inclusão, o contrário do que a sociedade atual faz: exclusões de diversos tipos e pelos mais diversos motivos.
Em vários outros momentos, Jesus procurou incluir quem estava excluído: no encontro com a samaritana, com a mulher adúltera, com Zaqueu, com o cego de Jericó...
Olhando os 2009 anos de presença da Santa Igreja no mundo, e os 509 anos no Brasil, vemos que ela fez muitos gestos de inclusão. Basta olhar as Santas Casas do Brasil que foram criadas pela Igreja, o trabalho dos vicentinos, das pastorais sociais, todo o trabalho missionário e de evangelização que tira o povo da marginalização religiosa...
Mas ainda existem entre nós, infelizmente, muitas exclusões: desemprego e subemprego, prostituição, hospitais cheios de leitos vazios, esperando os ricos, enquanto o povo do bairro não tem atendimento médico...
Queremos pedir perdão a Deus, e continuar fazendo o mesmo convite de Jesus: “Levanta-te e fica aqui no meio”, mesmo que soframos ameaças como ele sofreu.
Assim nós atender ao apelo do Papa João Paulo II, já que temos a graça de viver no terceiro milênio: venha para o centro da vida, saia da margem da sociedade,vença a exclusão! Queremos fazer virar verdade as palavras do Profeta Isaías: “Não haverá mais crianças que vivam apenas alguns dias, nem velhos que morram antes dos cem anos. Construirão casas, e nelas habitarão. Plantarão vinhas, e colherão seus frutos. Ninguém vai construir para outro morar, nem plantar para outro comer. E todos serão abençoados por Deus. O lobo e o cordeiro pastarão juntos, e o leão comerá capim junto com o boi” (Is 65,20-25). Se olharmos a História da Igreja, veremos que todos os santos e santas fizeram isso, incluíram os excluídos.
Jesus nos faz um apelo missionário. Ao chamar para o centro esse homem de mão ressequida, ele nos convida a participarmos da festa da inclusão. É sempre assim: quando alguém procura incluir uma pessoa marginalizada, esse seu gesto se torna um convite a todos os marginalizadores a se converterem, passando a incluir as pessoas na sociedade, em vez de excluí-las. O certo é colocar a pessoa em primeiro lugar, a vida acima dos bens materiais e das leis, como fez Jesus em relação à lei do sábado.
A nossa sociedade atual tem muitos valores, mas tem também malandragens terríveis. Por exemplo, o disfarce. Vale para ela o que disse o Profeta Jeremias: “Vós tratais com negligência as feridas do meu povo, e dizeis: ‘Está indo tudo bem’; quando, na verdade, está indo tudo mal” (Jr 6,14). Como é importante as nossas Comunidades serem luz no meio dessa geração!
Certa vez, Frei Galvão estava pregando numa cidade, e um homem resolveu dar de presente para ele três frangos. Pegou os frangos no seu terreiro e os levou para a casa paroquial, onde o Frei Galvão estava hospedado.
Aconteceu que, ao entregá-los ao Frei, um dos frangos escapou. O homem instintivamente deu um xingo, dizendo: “Frango do diabo!” Correu, pegou o frango na rua e o trouxe. Mas Frei Galvão falou: “Eu só aceito estes dois. Este aí não, porque você o deu para o diabo”.
Imagine a lição que o homem levou, ele que havia falado aquilo sem nem perceber! Mas é o “bendito” costume de falar palavrões. Muita gente de vez em quando se esquece de que foi batizado.
Ser profeta é um dos trabalhos mais bonitos de inclusão, porque aproxima as pessoas de Deus, o qual nos faz felizes em qualquer situação em que estivermos. Frei Galvão foi profeta não só para aquele senhor, mas para todos os que viram a sua atitude.
E quando formos convidar alguém para o centro da vida, convidemos também Maria Santíssima, porque ela é a nossa mãe, a nossa rainha, a mais bela flor que o universo produziu.
Este Evangelho narra a cura do homem que tinha a mão seca. Jesus entrou na sinagoga e viu o doente lá no canto da sinagoga. Como era sábado, alguns observavam para ver se ele ia curar o homem no sábado, pois, segundo a tradição deles, era proibido.
Jesus falou para o homem: “Levanta-te e fica aqui no meio”. Em seguida perguntou ao povo: “É permitido no sábado fazer o bem ou fazer o mal? Salvar uma vida ou deixá-la morrer?” A lei do descanso sabático foi criada para beneficiar o povo. Portanto, no sábado é permitido fazer o bem e curar uma pessoa doente! Entretanto, devido a essa cura, já tramaram a morte de Jesus.
O nosso saudoso Papa João Paulo II, na preparação para o jubileu do ano 2000, apresentou esta frase de Jesus: “Levanta-te e fica aqui no meio”, como a nossa missão do terceiro milênio.
Jesus chamou o homem para o espaço central da sinagoga porque ele estava na beira da parede, separado do povo, humilhado, pois sua doença era considerada castigo de Deus. Jesus fez um gesto de inclusão, o contrário do que a sociedade atual faz: exclusões de diversos tipos e pelos mais diversos motivos.
Em vários outros momentos, Jesus procurou incluir quem estava excluído: no encontro com a samaritana, com a mulher adúltera, com Zaqueu, com o cego de Jericó...
Olhando os 2009 anos de presença da Santa Igreja no mundo, e os 509 anos no Brasil, vemos que ela fez muitos gestos de inclusão. Basta olhar as Santas Casas do Brasil que foram criadas pela Igreja, o trabalho dos vicentinos, das pastorais sociais, todo o trabalho missionário e de evangelização que tira o povo da marginalização religiosa...
Mas ainda existem entre nós, infelizmente, muitas exclusões: desemprego e subemprego, prostituição, hospitais cheios de leitos vazios, esperando os ricos, enquanto o povo do bairro não tem atendimento médico...
Queremos pedir perdão a Deus, e continuar fazendo o mesmo convite de Jesus: “Levanta-te e fica aqui no meio”, mesmo que soframos ameaças como ele sofreu.
Assim nós atender ao apelo do Papa João Paulo II, já que temos a graça de viver no terceiro milênio: venha para o centro da vida, saia da margem da sociedade,vença a exclusão! Queremos fazer virar verdade as palavras do Profeta Isaías: “Não haverá mais crianças que vivam apenas alguns dias, nem velhos que morram antes dos cem anos. Construirão casas, e nelas habitarão. Plantarão vinhas, e colherão seus frutos. Ninguém vai construir para outro morar, nem plantar para outro comer. E todos serão abençoados por Deus. O lobo e o cordeiro pastarão juntos, e o leão comerá capim junto com o boi” (Is 65,20-25). Se olharmos a História da Igreja, veremos que todos os santos e santas fizeram isso, incluíram os excluídos.
Jesus nos faz um apelo missionário. Ao chamar para o centro esse homem de mão ressequida, ele nos convida a participarmos da festa da inclusão. É sempre assim: quando alguém procura incluir uma pessoa marginalizada, esse seu gesto se torna um convite a todos os marginalizadores a se converterem, passando a incluir as pessoas na sociedade, em vez de excluí-las. O certo é colocar a pessoa em primeiro lugar, a vida acima dos bens materiais e das leis, como fez Jesus em relação à lei do sábado.
A nossa sociedade atual tem muitos valores, mas tem também malandragens terríveis. Por exemplo, o disfarce. Vale para ela o que disse o Profeta Jeremias: “Vós tratais com negligência as feridas do meu povo, e dizeis: ‘Está indo tudo bem’; quando, na verdade, está indo tudo mal” (Jr 6,14). Como é importante as nossas Comunidades serem luz no meio dessa geração!
Certa vez, Frei Galvão estava pregando numa cidade, e um homem resolveu dar de presente para ele três frangos. Pegou os frangos no seu terreiro e os levou para a casa paroquial, onde o Frei Galvão estava hospedado.
Aconteceu que, ao entregá-los ao Frei, um dos frangos escapou. O homem instintivamente deu um xingo, dizendo: “Frango do diabo!” Correu, pegou o frango na rua e o trouxe. Mas Frei Galvão falou: “Eu só aceito estes dois. Este aí não, porque você o deu para o diabo”.
Imagine a lição que o homem levou, ele que havia falado aquilo sem nem perceber! Mas é o “bendito” costume de falar palavrões. Muita gente de vez em quando se esquece de que foi batizado.
Ser profeta é um dos trabalhos mais bonitos de inclusão, porque aproxima as pessoas de Deus, o qual nos faz felizes em qualquer situação em que estivermos. Frei Galvão foi profeta não só para aquele senhor, mas para todos os que viram a sua atitude.
E quando formos convidar alguém para o centro da vida, convidemos também Maria Santíssima, porque ela é a nossa mãe, a nossa rainha, a mais bela flor que o universo produziu.
terça-feira, 17 de janeiro de 2012
O SÁBADO FOI FEITO PARA O HOMEM, E NÃO O HOMEM PARA O SÁBADO.
Mc 2,23-28
Este Evangelho narra a cena dos discípulos de Jesus, em um sábado, arrancando espigas de trigo e comendo, porque estavam com fome. Diante do protesto dos fariseus, pois era proibido trabalhar no sábado, Jesus justifica a atitude, apresentando outro caso em que Davi desobedece à outra lei ainda mais rigorosa, pelo mesmo motivo: ele e seus companheiros estavam com fome. E arremata: “O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado”.
O ensinamento de Jesus é claro: A vida humana está em primeiro lugar. O direito à vida precede quaisquer leis, mesmo as leis religiosas mais sagradas.
Segundo a Mishná, que era uma recompilação das tradições rabínicas, trabalhar na colheita era uma das trinta e nove maneiras de violar o sábado. E os fariseus elevaram esse gesto de colhes espigas para comer, como um trabalho formal de colheita! Mas a reação de Jesus foi clara e enérgica. Superando as discussões de escolas, ele partiu para a defesa da vida.
E Jesus apresentou o exemplo de Davi e seus companheiros que, para saciar a fome, desobedeceram a uma lei muito mais sagrada: comeram os pães consagrados, que só os sacerdotes podiam comer (Cf 1Sm 21).
“O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado”, diz Jesus. Esta foi a intenção do legislador da lei do sábado: a necessidade que o homem tem de descansar. Foi uma lei feita para celebrar a libertação da escravidão egípcia, em não havia tempo de descanso (Cr Dt 5,12; Ex 20,8). Portanto, a lei do sábado era uma lei de liberdade, não de escravidão. E, para concluir, Jesus, referindo-se a si mesmo, fala: “O Filho do Homem é senhor também do sábado”. Todo o Antigo Testamento, ao se referir ao Messias, fala que ele é “O Senhor”. Ele é o Senhor de tudo, inclusive do sábado. Portanto, pode modificar ou esclarecer a lei.
Em todo o episódio, sobressai a vida humana como valor maior a ser protegido e defendido. O homem deve obedecer à lei do sábado só e enquanto protege a vida humana. Se acontecer, como nesta cena do Evangelho, de esta lei se voltar contra o homem, desviou-se de sua finalidade e não obriga ao seu cumprimento.
É farisaísmo tentar ganhar a salvação, absolutizando ou sacralizando leis. Neste caso a lei se transforma de libertadora em escravizante. O único sagrado, depois de Deus, é o próprio homem, pelo qual Cristo morreu.
“A lei foi dada por Moisés, mas a graça e a verdade vieram-nos por Jesus Cristo (Jo 1,17). O cristão sabe sua única lei e o seu único Senhor é Jesus Cristo. Cristo foi o sim total a Deus, e o seu discípulo deve seguir o seu exemplo. “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”.
Certa vez, em um curso de batismo, um professor perguntou aos pais e padrinhos por que queriam batizar seu filho ou afilhado. As respostas foram as mais variadas.
Um deles disse: “É porque todo mundo batiza”. Esse vai na onda; o que os outros fazem ele faz também.
Outro respondeu: “É porque eu fui batizado”. Quer dizer que, se fizeram uma coisa errada com ele, quando criança, ele vai fazer agora com as outras crianças?
Houve outro que falou: “A gente batiza porque não presta ficar pagão”. Esta resposta é supersticiosa, porque a expressão “não presta” significa aí: “dá azar”.
Claro que houve também respostas bonitas e acertadas.
Pelo batismo nós nos tornamos continuadores de Cristo no mundo, seguindo-o como o nosso caminho, verdade e vida.
Maria Santíssima é a mãe de vida, porque nos deu Jesus que é a Vida. Que ela nos ajude a colocar a vida humana acima de tudo.
Este Evangelho narra a cena dos discípulos de Jesus, em um sábado, arrancando espigas de trigo e comendo, porque estavam com fome. Diante do protesto dos fariseus, pois era proibido trabalhar no sábado, Jesus justifica a atitude, apresentando outro caso em que Davi desobedece à outra lei ainda mais rigorosa, pelo mesmo motivo: ele e seus companheiros estavam com fome. E arremata: “O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado”.
O ensinamento de Jesus é claro: A vida humana está em primeiro lugar. O direito à vida precede quaisquer leis, mesmo as leis religiosas mais sagradas.
Segundo a Mishná, que era uma recompilação das tradições rabínicas, trabalhar na colheita era uma das trinta e nove maneiras de violar o sábado. E os fariseus elevaram esse gesto de colhes espigas para comer, como um trabalho formal de colheita! Mas a reação de Jesus foi clara e enérgica. Superando as discussões de escolas, ele partiu para a defesa da vida.
E Jesus apresentou o exemplo de Davi e seus companheiros que, para saciar a fome, desobedeceram a uma lei muito mais sagrada: comeram os pães consagrados, que só os sacerdotes podiam comer (Cf 1Sm 21).
“O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado”, diz Jesus. Esta foi a intenção do legislador da lei do sábado: a necessidade que o homem tem de descansar. Foi uma lei feita para celebrar a libertação da escravidão egípcia, em não havia tempo de descanso (Cr Dt 5,12; Ex 20,8). Portanto, a lei do sábado era uma lei de liberdade, não de escravidão. E, para concluir, Jesus, referindo-se a si mesmo, fala: “O Filho do Homem é senhor também do sábado”. Todo o Antigo Testamento, ao se referir ao Messias, fala que ele é “O Senhor”. Ele é o Senhor de tudo, inclusive do sábado. Portanto, pode modificar ou esclarecer a lei.
Em todo o episódio, sobressai a vida humana como valor maior a ser protegido e defendido. O homem deve obedecer à lei do sábado só e enquanto protege a vida humana. Se acontecer, como nesta cena do Evangelho, de esta lei se voltar contra o homem, desviou-se de sua finalidade e não obriga ao seu cumprimento.
É farisaísmo tentar ganhar a salvação, absolutizando ou sacralizando leis. Neste caso a lei se transforma de libertadora em escravizante. O único sagrado, depois de Deus, é o próprio homem, pelo qual Cristo morreu.
“A lei foi dada por Moisés, mas a graça e a verdade vieram-nos por Jesus Cristo (Jo 1,17). O cristão sabe sua única lei e o seu único Senhor é Jesus Cristo. Cristo foi o sim total a Deus, e o seu discípulo deve seguir o seu exemplo. “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”.
Certa vez, em um curso de batismo, um professor perguntou aos pais e padrinhos por que queriam batizar seu filho ou afilhado. As respostas foram as mais variadas.
Um deles disse: “É porque todo mundo batiza”. Esse vai na onda; o que os outros fazem ele faz também.
Outro respondeu: “É porque eu fui batizado”. Quer dizer que, se fizeram uma coisa errada com ele, quando criança, ele vai fazer agora com as outras crianças?
Houve outro que falou: “A gente batiza porque não presta ficar pagão”. Esta resposta é supersticiosa, porque a expressão “não presta” significa aí: “dá azar”.
Claro que houve também respostas bonitas e acertadas.
Pelo batismo nós nos tornamos continuadores de Cristo no mundo, seguindo-o como o nosso caminho, verdade e vida.
Maria Santíssima é a mãe de vida, porque nos deu Jesus que é a Vida. Que ela nos ajude a colocar a vida humana acima de tudo.
sábado, 14 de janeiro de 2012
Homilia do 2º Domingo Comum
Jo 1, 35-42
1 – Encontro com o Senhor
O Evangelho de João, que acabamos de ouvir, apresenta-se com uma estrutura interessante, que merece abrir a reflexão desse Domingo. Começa com o prólogo, com aquele belo poema que diz: “no princípio era a Palavra, e a Palavra estava em Deus e a Palavra era Deus”. Depois, João irá dizer que a “Palavra se encarnou”, a Palavra se fez gente e nasceu da Virgem Maria, como celebramos no Natal e, no Domingo passado, celebrávamos na Epifania. Logo em seguida, temos o texto que ouvimos hoje, narrando que Jesus passa... a Palavra de Deus passa numa outra estrada. Quem conhece a Palavra de Deus — como é o caso de Eli, na 1ª leitura, e João Batista, no Evangelho — orienta a entrar na estrada para encontrar-se com essa Palavra. O interessante é que a Palavra de Deus não é algo abstrato, mas que passa e pode ser seguida. A Palavra de Deus — como mostra o espaço simbólico de nossa celebração, e como participamos do rito de aclamação do Evangelho — é companheira de caminhada, na vida pessoal.
2 – Ouvido para ouvir e olhos para ver
Outro detalhe que temos, na Liturgia da Palavra desse Domingo, é a presença de dois sentidos. Na 1ª leitura evidencia-se o ouvido. Samuel dorme e o Senhor lhe desperta o ouvido, chamando-o pelo nome. É o que aconteceu na vida de muitos santos que se dispuseram a entrar na estrada do Evangelho depois de ouvir a Palavra de Deus. É o que aconteceu na vida de muitas pessoas que se converteram ouvindo alguma pregação, ouvindo a poesia de alguma música e se decidiram por Jesus. Como cantava o salmista, são pessoas que guardaram a Palavra de Deus em seus corações. No Evangelho, temos os olhos. João Batista vê Jesus e o apresenta para dois de seus discípulos que, olham, vêem e se colocam na mesma estrada. Ver Jesus passar, hoje em dia, é ver o Evangelho acontecendo diante de nossos olhos. Isso é bem mais difícil que ouvir a Palavra, porque nem todos fomos educados, em nossas catequeses, para ver o Evangelho passando diante de nós. Mas, ele passa. Pessoas como a Beata Dulce da Bahia, Santo Antonio Galvão (Frei Galvão), Santa Paulina... para citar somente santos e beatos brasileiros, viram Jesus passando diante de seus olhos e se colocaram na sua estrada.
3 – Chamados pelos sentidos
Faço questão de destacar os sentidos do ouvido e dos olhos para tirar de nós a idéia de que a experiência com Deus acontece em momentos extraordinários, fora do alcance de nossos sentidos. Isso aprendemos da própria Palavra de Deus, que ouvimos. O final da 1ª leitura relata que Samuel ouvia “e não deixava cair por terra nenhuma de suas palavras”. Ouvir, meditar, ruminar, transformar a Palavra em atitude. O Evangelho relata a vocação dos primeiros discípulos de Jesus acolhendo o convite para passar com ele um dia em sua casa. Não relata o que ali conversaram, mas a alegria que transparece em André, ao contar a Pedro o encontro com Jesus, deixa evidente que ouviram mais que falaram. Assim nasce a vocação ao discipulado. É assim que alguém deixa sua estrada e entra na estrada de Jesus para OUVIR o que ele diz. Aqui está o caminho que nos coloca na estrada de Jesus, que abre nossos olhos para ver Jesus passando. As vezes ele passa escondido, como estava na mochila que trouxe o Evangeliário para ser proclamado, e alguém precisa tirá-lo para mostrar onde está. Mas, ele passa. Passa no meio do povo e quem conhece sua Palavra o reconhece no meio do povo.
4 – Tornar-se discípulo de Jesus
O texto evangélico que acabamos de proclamar em nossa assembléia tem uma finalidade muito clara: apresentar Jesus caminhando em nossas estradas. Como disse, ele continua andando entre nós e falando através de sua Palavra. O primeiro motivo para seguir Jesus é saber se ele é necessário para minha vida. Se ele é importante para minha existência. Não falo da necessidade de ter Jesus para fazer pedidos, mas de tê-lo como “caminho”, como voz que fala em mim, que orienta meu modo de viver. Existe uma pergunta atrevida, mas necessária e pertinente: — eu tenho necessidade de Jesus? Eu tenho necessidade que Jesus seja o Mestre de minha vida? Se você não sentir essa necessidade, muito possivelmente será um religioso que reza, que faz promessas e pedidos a Jesus, mas ainda não é aquele cristão que Jesus gostaria que fosse, porque ainda não se tornou discípulo de Jesus. Pode até viver na Igreja, mas o Evangelho não vive dentro de ti. Pensemos bastante sobre isso, durante essa semana e consideremos sinceramente se o Evangelho vive dentro de cada um de nós e se Jesus é nosso Mestre.
5 – Dia do Migrante
A Igreja estabelece para esse Domingo o Dia do Migrante e do Refugiado com o tema: “O migrante e a nova evangelização”. A mensagem do Papa para esse dia (que poderá ser lida na internet), acentua duas coisas importantes. O acolhimento do migrante como um irmão e irmã que vive ou viverá entre nós. Encontro que seja fraterno e não de discriminação. Da parte do migrante, a missão de ser evangelizador, de testemunhar o Evangelho, através da fraternidade, onde está sendo acolhido. Rezemos pelos migrantes, pelos refugiados políticos e façamos o possível para acolhe-los entre nós como um irmão e irmã, respeitando a dor que sente por deixar sua terra e precisar iniciar vida nova em ambiente desconhecido. Nosso apoio e nossa solidariedade poderá aliviar sua dor e o ajudará a sentir-se mais corajoso em vista do futuro. Amém!
1 – Encontro com o Senhor
O Evangelho de João, que acabamos de ouvir, apresenta-se com uma estrutura interessante, que merece abrir a reflexão desse Domingo. Começa com o prólogo, com aquele belo poema que diz: “no princípio era a Palavra, e a Palavra estava em Deus e a Palavra era Deus”. Depois, João irá dizer que a “Palavra se encarnou”, a Palavra se fez gente e nasceu da Virgem Maria, como celebramos no Natal e, no Domingo passado, celebrávamos na Epifania. Logo em seguida, temos o texto que ouvimos hoje, narrando que Jesus passa... a Palavra de Deus passa numa outra estrada. Quem conhece a Palavra de Deus — como é o caso de Eli, na 1ª leitura, e João Batista, no Evangelho — orienta a entrar na estrada para encontrar-se com essa Palavra. O interessante é que a Palavra de Deus não é algo abstrato, mas que passa e pode ser seguida. A Palavra de Deus — como mostra o espaço simbólico de nossa celebração, e como participamos do rito de aclamação do Evangelho — é companheira de caminhada, na vida pessoal.
2 – Ouvido para ouvir e olhos para ver
Outro detalhe que temos, na Liturgia da Palavra desse Domingo, é a presença de dois sentidos. Na 1ª leitura evidencia-se o ouvido. Samuel dorme e o Senhor lhe desperta o ouvido, chamando-o pelo nome. É o que aconteceu na vida de muitos santos que se dispuseram a entrar na estrada do Evangelho depois de ouvir a Palavra de Deus. É o que aconteceu na vida de muitas pessoas que se converteram ouvindo alguma pregação, ouvindo a poesia de alguma música e se decidiram por Jesus. Como cantava o salmista, são pessoas que guardaram a Palavra de Deus em seus corações. No Evangelho, temos os olhos. João Batista vê Jesus e o apresenta para dois de seus discípulos que, olham, vêem e se colocam na mesma estrada. Ver Jesus passar, hoje em dia, é ver o Evangelho acontecendo diante de nossos olhos. Isso é bem mais difícil que ouvir a Palavra, porque nem todos fomos educados, em nossas catequeses, para ver o Evangelho passando diante de nós. Mas, ele passa. Pessoas como a Beata Dulce da Bahia, Santo Antonio Galvão (Frei Galvão), Santa Paulina... para citar somente santos e beatos brasileiros, viram Jesus passando diante de seus olhos e se colocaram na sua estrada.
3 – Chamados pelos sentidos
Faço questão de destacar os sentidos do ouvido e dos olhos para tirar de nós a idéia de que a experiência com Deus acontece em momentos extraordinários, fora do alcance de nossos sentidos. Isso aprendemos da própria Palavra de Deus, que ouvimos. O final da 1ª leitura relata que Samuel ouvia “e não deixava cair por terra nenhuma de suas palavras”. Ouvir, meditar, ruminar, transformar a Palavra em atitude. O Evangelho relata a vocação dos primeiros discípulos de Jesus acolhendo o convite para passar com ele um dia em sua casa. Não relata o que ali conversaram, mas a alegria que transparece em André, ao contar a Pedro o encontro com Jesus, deixa evidente que ouviram mais que falaram. Assim nasce a vocação ao discipulado. É assim que alguém deixa sua estrada e entra na estrada de Jesus para OUVIR o que ele diz. Aqui está o caminho que nos coloca na estrada de Jesus, que abre nossos olhos para ver Jesus passando. As vezes ele passa escondido, como estava na mochila que trouxe o Evangeliário para ser proclamado, e alguém precisa tirá-lo para mostrar onde está. Mas, ele passa. Passa no meio do povo e quem conhece sua Palavra o reconhece no meio do povo.
4 – Tornar-se discípulo de Jesus
O texto evangélico que acabamos de proclamar em nossa assembléia tem uma finalidade muito clara: apresentar Jesus caminhando em nossas estradas. Como disse, ele continua andando entre nós e falando através de sua Palavra. O primeiro motivo para seguir Jesus é saber se ele é necessário para minha vida. Se ele é importante para minha existência. Não falo da necessidade de ter Jesus para fazer pedidos, mas de tê-lo como “caminho”, como voz que fala em mim, que orienta meu modo de viver. Existe uma pergunta atrevida, mas necessária e pertinente: — eu tenho necessidade de Jesus? Eu tenho necessidade que Jesus seja o Mestre de minha vida? Se você não sentir essa necessidade, muito possivelmente será um religioso que reza, que faz promessas e pedidos a Jesus, mas ainda não é aquele cristão que Jesus gostaria que fosse, porque ainda não se tornou discípulo de Jesus. Pode até viver na Igreja, mas o Evangelho não vive dentro de ti. Pensemos bastante sobre isso, durante essa semana e consideremos sinceramente se o Evangelho vive dentro de cada um de nós e se Jesus é nosso Mestre.
5 – Dia do Migrante
A Igreja estabelece para esse Domingo o Dia do Migrante e do Refugiado com o tema: “O migrante e a nova evangelização”. A mensagem do Papa para esse dia (que poderá ser lida na internet), acentua duas coisas importantes. O acolhimento do migrante como um irmão e irmã que vive ou viverá entre nós. Encontro que seja fraterno e não de discriminação. Da parte do migrante, a missão de ser evangelizador, de testemunhar o Evangelho, através da fraternidade, onde está sendo acolhido. Rezemos pelos migrantes, pelos refugiados políticos e façamos o possível para acolhe-los entre nós como um irmão e irmã, respeitando a dor que sente por deixar sua terra e precisar iniciar vida nova em ambiente desconhecido. Nosso apoio e nossa solidariedade poderá aliviar sua dor e o ajudará a sentir-se mais corajoso em vista do futuro. Amém!
EU NÃO VIM PARA CHAMAR JUSTOS, MAS SIM PECADORES.
Mc 2, 13-17
Este Evangelho narra a vocação do Apóstolo e Evangelista S. Mateus, que era chamado também de Levi. Além da generosidade e prontidão em acolher o chamado, Mateus mostrou a sua alegria, convidando Jesus e sua comitiva para uma refeição em sua casa.
E havia na comitiva de Jesus muitos cobradores de impostos, que os fariseus consideravam impuros porque tocavam em moeda estrangeira, e consideravam também traidores do povo, porque eram judeus que trabalhavam para o império romano.
Havia também muitos “pecadores”: pessoas pobres que não conseguiam comprar determinados animais e oferecê-los no Templo para a purificação de seus pecados. Esses pecados eram desobediência à Torá, o livro das prescrições religiosas judaicas. Jesus não excluía essa gente, por isso elas o seguiam com alegria.
Mas os doutores da Lei protestaram: “Por que ele come com cobradores de impostos e pecadores?” Doutores da Lei eram como os nossos atuais catequistas das Comunidades. Eles eram entendidos em coisas de religião, e admiravam a doutrina de Jesus, por isso gostavam de ouvi-lo, mas não se atreviam a considerar-se discípulos dele. Jesus explicou: “Eu não vim para chamar justos, mas sim pecadores”.
Jesus várias vezes criticou essas leis que olhavam apenas o lado externo e não o coração da pessoa. E ele não as seguia, pelo contrário, dava preferência às pessoas marginalizadas pela sociedade do seu tempo. Imagine Jesus no meio dessa gente! E ainda tomando refeição, o que significa união e amizade!
Para entrar na Família de Deus, temos de empregar alguns meios, que talvez custem, mas estão facilmente ao nosso alcance. O primeiro é libertar-nos do preconceito de classe. Que deixemos de dividir o povo entre bons e maus, entre os que podemos cumprimentar e os que não podemos, entre os que devemos amar e os que não devemos. Que aprendamos que Deus não odeia nem os ricos, nem os mal educados, nem os de esquerda ou de direita, e que seu plano misericordioso contempla a salvação de todos e todas.
As nossas Comunidades são chamadas a continuar essa atitude de Jesus, de não ter preconceito de ninguém, acolher a todos e todas, especialmente os excluídos. “Eu não vim para chamar justos, mas sim pecadores”.
Como é bom ser misericordioso, isto é, amar uma pessoa que vive de forma errada! Não amamos o erro, mas a pessoa.
Afinal, nós também somos pecadores. Um dia Jesus reclamou daqueles que vêem um cisco no olho do irmão, e não vêem a trave no próprio olho. Se olharmos sinceramente para nós mesmos, com certeza seremos mais misericordiosos para com os que erram.
Certa vez, um grupo de rãs estava pulando distraidamente num campo, e caíram numa cisterna velha. Pronto, não conseguiram mais sair dali. Como havia água no fundo da cisterna, ela não morreram.
Com o passar do tempo, elas se reproduziram e contaram a história para seus filhotes: “Nós estamos aqui porque caímos. Existe, lá fora, um mundo muito mais bonito. Tem sol, flores, borboletas, centopéias...”
Entretanto, quando elas morreram, e os seus filhotes foram contar para seus filhos, estes já não acreditaram muito. Pensavam que aquilo era uma invenção, uma fantasia. O mundo era mesmo redondo e escuro, exatamente como o fundo da cisterna.
E assim, com o passar das gerações, aquelas histórias viraram contos de fadas.
Muitas vezes, acontece algo semelhante em relação à Redenção. As pessoas falam: “Felicidade não existe. O mundo é triste mesmo, só tem mentira, corrupção e violência!”
Falam isso porque não conhecem aquele outro mundo que Adão e Eva perderam e que Jesus recuperou para nós. É um mundo mais bonito, e possível de ser construído, porque está presente nas Comunidades cristãs. Basta acreditar no sonho e fazê-lo virar realidade. “A fé é a demonstração de realidades que não se vêem” (Hb 11,1).
Precisamos, como Jesus, ir atrás das pessoas que estão mergulhadas no pecado, e convidá-las para esse novo mundo.
A mãe não exclui nenhum filho, e se preocupa mais com os que afastados, rebeldes e problemáticos. Que ela nos ajude a imitar o seu Filho.
Este Evangelho narra a vocação do Apóstolo e Evangelista S. Mateus, que era chamado também de Levi. Além da generosidade e prontidão em acolher o chamado, Mateus mostrou a sua alegria, convidando Jesus e sua comitiva para uma refeição em sua casa.
E havia na comitiva de Jesus muitos cobradores de impostos, que os fariseus consideravam impuros porque tocavam em moeda estrangeira, e consideravam também traidores do povo, porque eram judeus que trabalhavam para o império romano.
Havia também muitos “pecadores”: pessoas pobres que não conseguiam comprar determinados animais e oferecê-los no Templo para a purificação de seus pecados. Esses pecados eram desobediência à Torá, o livro das prescrições religiosas judaicas. Jesus não excluía essa gente, por isso elas o seguiam com alegria.
Mas os doutores da Lei protestaram: “Por que ele come com cobradores de impostos e pecadores?” Doutores da Lei eram como os nossos atuais catequistas das Comunidades. Eles eram entendidos em coisas de religião, e admiravam a doutrina de Jesus, por isso gostavam de ouvi-lo, mas não se atreviam a considerar-se discípulos dele. Jesus explicou: “Eu não vim para chamar justos, mas sim pecadores”.
Jesus várias vezes criticou essas leis que olhavam apenas o lado externo e não o coração da pessoa. E ele não as seguia, pelo contrário, dava preferência às pessoas marginalizadas pela sociedade do seu tempo. Imagine Jesus no meio dessa gente! E ainda tomando refeição, o que significa união e amizade!
Para entrar na Família de Deus, temos de empregar alguns meios, que talvez custem, mas estão facilmente ao nosso alcance. O primeiro é libertar-nos do preconceito de classe. Que deixemos de dividir o povo entre bons e maus, entre os que podemos cumprimentar e os que não podemos, entre os que devemos amar e os que não devemos. Que aprendamos que Deus não odeia nem os ricos, nem os mal educados, nem os de esquerda ou de direita, e que seu plano misericordioso contempla a salvação de todos e todas.
As nossas Comunidades são chamadas a continuar essa atitude de Jesus, de não ter preconceito de ninguém, acolher a todos e todas, especialmente os excluídos. “Eu não vim para chamar justos, mas sim pecadores”.
Como é bom ser misericordioso, isto é, amar uma pessoa que vive de forma errada! Não amamos o erro, mas a pessoa.
Afinal, nós também somos pecadores. Um dia Jesus reclamou daqueles que vêem um cisco no olho do irmão, e não vêem a trave no próprio olho. Se olharmos sinceramente para nós mesmos, com certeza seremos mais misericordiosos para com os que erram.
Certa vez, um grupo de rãs estava pulando distraidamente num campo, e caíram numa cisterna velha. Pronto, não conseguiram mais sair dali. Como havia água no fundo da cisterna, ela não morreram.
Com o passar do tempo, elas se reproduziram e contaram a história para seus filhotes: “Nós estamos aqui porque caímos. Existe, lá fora, um mundo muito mais bonito. Tem sol, flores, borboletas, centopéias...”
Entretanto, quando elas morreram, e os seus filhotes foram contar para seus filhos, estes já não acreditaram muito. Pensavam que aquilo era uma invenção, uma fantasia. O mundo era mesmo redondo e escuro, exatamente como o fundo da cisterna.
E assim, com o passar das gerações, aquelas histórias viraram contos de fadas.
Muitas vezes, acontece algo semelhante em relação à Redenção. As pessoas falam: “Felicidade não existe. O mundo é triste mesmo, só tem mentira, corrupção e violência!”
Falam isso porque não conhecem aquele outro mundo que Adão e Eva perderam e que Jesus recuperou para nós. É um mundo mais bonito, e possível de ser construído, porque está presente nas Comunidades cristãs. Basta acreditar no sonho e fazê-lo virar realidade. “A fé é a demonstração de realidades que não se vêem” (Hb 11,1).
Precisamos, como Jesus, ir atrás das pessoas que estão mergulhadas no pecado, e convidá-las para esse novo mundo.
A mãe não exclui nenhum filho, e se preocupa mais com os que afastados, rebeldes e problemáticos. Que ela nos ajude a imitar o seu Filho.
quinta-feira, 12 de janeiro de 2012
A LEPRA DESAPARECEU E O HOMEM FICOU CURADO.
Mc 1,40-45
Este Evangelho narra a cena da cura de um leproso. Ele “chegou perto de Jesus, e de joelhos pediu: ‘Se queres, tens o poder de curar-me’”. A fé é condição para recebermos as graças de Deus.
“Jesus, cheio de compaixão, estendeu a mão, tocou nele, e disse: ‘Eu quero: fica curado!’” O sentido literal da palavra compaixão é “sofrer junto”. Ela leva a pessoa a sofrer o mesmo que o outro está sofrendo. Só isso já é um alívio para o outro, porque sente que há alguém unido com ele naquela dor. Daí para frente, os dois juntos, com os recursos que têm, procuram sair do problema. É bem mais fácil lutarmos contra uma dificuldade, quando há alguém ao nosso lado, lutando junto. E mais: “Onde dois ou mais estiverem unidos em meu nome” – disse Jesus – “eu estou no meio deles” (Mt 18-20).
A lepra naquele tempo era considerada uma doença contagiosa. O leproso devia afastar-se das pessoas e viver sozinho, em um lugar isolado. Se alguém tocasse nele, ficava também impuro, tendo de ir morar junto com ele lá no deserto (Lv 5,5-6). Jesus amou tanto aquele doente, que enfrentou todo esse rigor da lei. Foi como se ele dissesse ao leproso: a sua dor é a minha dor; o seu problema é o meu problema.
“Jesus não podia mais entrar publicamente numa cidade: ficava fora, em lugares desertos.” Houve portanto uma troca de posições: o homem saiu do deserto e Jesus foi para o lugar dele. A compaixão muitas vezes leva a isso.
“Por toda parte, Jesus andou fazendo o bem” (At 10,38).
O cristão verdadeiro sente compaixão das pessoas que sofrem, e se une com elas, sem medo de “se sujar” ou de as coisas complicarem para si mesmo. Isso é solidariedade, a qual nasce da nossa compaixão.
Ele nunca fica neutro, mas assume o lado da verdade, da vida e dos mandamentos de Deus. Por isso que os cristãos facilmente “se queimam” ou “se estrepam”.
“Vai, mostra-te ao sacerdote e oferece, pela tua purificação, o que Moises ordenou, como prova para eles!” A prova é dupla: de que o homem está curado, portanto pode voltar ao convívio normal da sociedade; e de que foi Jesus que o curou, isto é, reintegrou na sociedade uma pessoa que os próprios sacerdotes haviam excluído. Aqueles sacerdotes se preocupavam em proteger o resto da sociedade, mas não se preocupavam em reintegrar nela os pobres doentes ou pecadores que haviam sido excluídos.
A nossa sociedade atual é parecida. Ela cria uma série de medidas para se proteger, por exemplo, contra a AIDS, mas não enfrenta a raiz do problema, que é o liberalismo total no uso do sexo. Ela cria FEBEM para se proteger contra o menor infrator, mas pouco se preocupa em recuperá-los e reintegrá-los na sociedade.
Hoje, há milhões de pessoas marginalizadas: pela fome, pela pobreza, pelo analfabetismo, pelo desemprego, pelas doenças... Cabe-nos uma pergunta: o que a nossa Comunidade está fazendo por eles? Nós nos preocupamos mais em colocar seguranças na porta da igreja, ou em recuperar essas pessoas? Colocar segurança na porta da igreja é uma atitude egoísta que só pensa no nosso lado, em nos proteger. Ela é válida, mas recuperar os marginalizados é muito mais importante e mais cristão.
“Não contes nada disso a ninguém!” Isso porque Jesus estava interessado em projetar não a si mesmo, mas a Comunidade cristã que ele estava criando. Ela, a Igreja, é a força de Deus no meio do povo. As pessoas sempre procuram alguém para se apoiar; Jesus quer o contrário: que a Comunidade cristã se apóie em si mesma, na sua união, com Deus no meio. Reino de Deus é povo unido, organizado e fiel a Deus.
“Ele foi e começou a contar.” A própria vida do ex-leproso já era por si um testemunho em favor de Jesus. É impossível esconder a luz. Evangelizar é falar bem de Jesus e de sua Igreja. Contar, espalhar os benefícios que eles nos fazem
Deus nem sempre nos cura e nos livra de todas as doenças. Ninguém fica eternamente na terra. Mas, se tivermos fé, Deus nos ajuda e transforma em bem as próprias doenças que sofremos.
Para os antigos, certas doenças, como a lepra, eram sinal de pecado; por isso os doentes eram desprezados. Jesus foi contra esse preconceito, ficava no meio dos doentes, tocava neles, amava-os e os curava.
Havia, certa vez, uma menina de uns oito aninhos, que se chamava Margarida. Quando chegou o dia do seu aniversário, ele levantou-se ansiosa. Mas ninguém falou nada!
De repente, na hora do café, a mãe veio com um presente. A Margarida abriu a caixa, era um par de sapatos muito bonito. Ela experimentou, serviu certinho.
Então pediu para a mãe: “Posso ir para a escola com esses sapatos?” “Sim”, respondeu a mãe.
Na escola, logo que as colegas viram, ficaram encantadas com os sapatos dela. A Margarida contou: “É porque hoje é o meu aniversário!” Todos a abraçaram.
De repente, a Margarida ficou triste: viu uma menina descalça! Coitada! Ela pode pisar em prego, em poça d’água, pegar doenças... E perguntou a garota: “Por que você está descalça?” Ela disse: “É porque eu não tenho sapatos. Sou pobre”. Margarida ficou triste.
Chegando em casa, ela pediu para a mãe: “Posso levar meus outros sapatos para uma colega da escola?” A mãe respondeu: “Sim, mas antes o limpe e engraxe”.
No dia seguinte, antes da aula, chamou a colega de lado e deu os sapatos. Ela experimentou, serviu certinho. Que bom! Agora a Margarida ficou contente.
Na hora do recreio, cada criança comia o lanche que trazia de casa. A Margarida percebeu que aquela menina não havia levado lanche. Dividiu com ela o seu lanche.
No outro dia cedo, antes de ir para a escola, ela pensou: vou levar dois lanches, um para mim e outro para aquela garota. Como a mãe tinha ido ao supermercado, ela mesma pegou dois pães, cortou-os no meio, foi até o fogão, destampou a panela e pôs a carne nos dois pães. Quando voltou da escola, às 11:30, contou para a mãe.
Mas a mãe falou: “Ah! Foi você? Eu pensei que tinha sido o gato e comeu a carne. Dei uma surra nele!”
A Margarida foi lá no fundo do quintal, encontrou o gato deitadinho e triste, e fez carinho nele.
Minutos depois, chegou o pai para almoçar. A Margarida estava no quarto e escutou a conversa. A mãe lhe disse: “Hoje eu ia fazer sopa; mas a Margarida pegou toda a carne da panela. Isso porque, além do lanche dela, fez outro para aquela tal colega a quem deu os sapatos”.
O pai gritou: “Margarida, vem cá!” É hoje que vou apanhar, pensou a Margarida. Abaixou a cabeça e foi. Quando chegou perto do pai, ele disse:
“Você fez uma coisa muito boa. De hoje em diante, todos os dias você vai levar para a escola dois lanches: um para você e outro para essa menina.” Em seguida, levantou a Margarida, abraçou-a e a beijou.
Que pena que existem tão poucas pessoas como a Margarida! Ou melhor, como Margarida e Jesus! Se houvesse mais, certamente o mundo seria bem mais feliz!
Que Maria Santíssima nos ajude a vivermos o “novo mandamento” do seu Filho: “Amai-vos uns aos outros!”
Este Evangelho narra a cena da cura de um leproso. Ele “chegou perto de Jesus, e de joelhos pediu: ‘Se queres, tens o poder de curar-me’”. A fé é condição para recebermos as graças de Deus.
“Jesus, cheio de compaixão, estendeu a mão, tocou nele, e disse: ‘Eu quero: fica curado!’” O sentido literal da palavra compaixão é “sofrer junto”. Ela leva a pessoa a sofrer o mesmo que o outro está sofrendo. Só isso já é um alívio para o outro, porque sente que há alguém unido com ele naquela dor. Daí para frente, os dois juntos, com os recursos que têm, procuram sair do problema. É bem mais fácil lutarmos contra uma dificuldade, quando há alguém ao nosso lado, lutando junto. E mais: “Onde dois ou mais estiverem unidos em meu nome” – disse Jesus – “eu estou no meio deles” (Mt 18-20).
A lepra naquele tempo era considerada uma doença contagiosa. O leproso devia afastar-se das pessoas e viver sozinho, em um lugar isolado. Se alguém tocasse nele, ficava também impuro, tendo de ir morar junto com ele lá no deserto (Lv 5,5-6). Jesus amou tanto aquele doente, que enfrentou todo esse rigor da lei. Foi como se ele dissesse ao leproso: a sua dor é a minha dor; o seu problema é o meu problema.
“Jesus não podia mais entrar publicamente numa cidade: ficava fora, em lugares desertos.” Houve portanto uma troca de posições: o homem saiu do deserto e Jesus foi para o lugar dele. A compaixão muitas vezes leva a isso.
“Por toda parte, Jesus andou fazendo o bem” (At 10,38).
O cristão verdadeiro sente compaixão das pessoas que sofrem, e se une com elas, sem medo de “se sujar” ou de as coisas complicarem para si mesmo. Isso é solidariedade, a qual nasce da nossa compaixão.
Ele nunca fica neutro, mas assume o lado da verdade, da vida e dos mandamentos de Deus. Por isso que os cristãos facilmente “se queimam” ou “se estrepam”.
“Vai, mostra-te ao sacerdote e oferece, pela tua purificação, o que Moises ordenou, como prova para eles!” A prova é dupla: de que o homem está curado, portanto pode voltar ao convívio normal da sociedade; e de que foi Jesus que o curou, isto é, reintegrou na sociedade uma pessoa que os próprios sacerdotes haviam excluído. Aqueles sacerdotes se preocupavam em proteger o resto da sociedade, mas não se preocupavam em reintegrar nela os pobres doentes ou pecadores que haviam sido excluídos.
A nossa sociedade atual é parecida. Ela cria uma série de medidas para se proteger, por exemplo, contra a AIDS, mas não enfrenta a raiz do problema, que é o liberalismo total no uso do sexo. Ela cria FEBEM para se proteger contra o menor infrator, mas pouco se preocupa em recuperá-los e reintegrá-los na sociedade.
Hoje, há milhões de pessoas marginalizadas: pela fome, pela pobreza, pelo analfabetismo, pelo desemprego, pelas doenças... Cabe-nos uma pergunta: o que a nossa Comunidade está fazendo por eles? Nós nos preocupamos mais em colocar seguranças na porta da igreja, ou em recuperar essas pessoas? Colocar segurança na porta da igreja é uma atitude egoísta que só pensa no nosso lado, em nos proteger. Ela é válida, mas recuperar os marginalizados é muito mais importante e mais cristão.
“Não contes nada disso a ninguém!” Isso porque Jesus estava interessado em projetar não a si mesmo, mas a Comunidade cristã que ele estava criando. Ela, a Igreja, é a força de Deus no meio do povo. As pessoas sempre procuram alguém para se apoiar; Jesus quer o contrário: que a Comunidade cristã se apóie em si mesma, na sua união, com Deus no meio. Reino de Deus é povo unido, organizado e fiel a Deus.
“Ele foi e começou a contar.” A própria vida do ex-leproso já era por si um testemunho em favor de Jesus. É impossível esconder a luz. Evangelizar é falar bem de Jesus e de sua Igreja. Contar, espalhar os benefícios que eles nos fazem
Deus nem sempre nos cura e nos livra de todas as doenças. Ninguém fica eternamente na terra. Mas, se tivermos fé, Deus nos ajuda e transforma em bem as próprias doenças que sofremos.
Para os antigos, certas doenças, como a lepra, eram sinal de pecado; por isso os doentes eram desprezados. Jesus foi contra esse preconceito, ficava no meio dos doentes, tocava neles, amava-os e os curava.
Havia, certa vez, uma menina de uns oito aninhos, que se chamava Margarida. Quando chegou o dia do seu aniversário, ele levantou-se ansiosa. Mas ninguém falou nada!
De repente, na hora do café, a mãe veio com um presente. A Margarida abriu a caixa, era um par de sapatos muito bonito. Ela experimentou, serviu certinho.
Então pediu para a mãe: “Posso ir para a escola com esses sapatos?” “Sim”, respondeu a mãe.
Na escola, logo que as colegas viram, ficaram encantadas com os sapatos dela. A Margarida contou: “É porque hoje é o meu aniversário!” Todos a abraçaram.
De repente, a Margarida ficou triste: viu uma menina descalça! Coitada! Ela pode pisar em prego, em poça d’água, pegar doenças... E perguntou a garota: “Por que você está descalça?” Ela disse: “É porque eu não tenho sapatos. Sou pobre”. Margarida ficou triste.
Chegando em casa, ela pediu para a mãe: “Posso levar meus outros sapatos para uma colega da escola?” A mãe respondeu: “Sim, mas antes o limpe e engraxe”.
No dia seguinte, antes da aula, chamou a colega de lado e deu os sapatos. Ela experimentou, serviu certinho. Que bom! Agora a Margarida ficou contente.
Na hora do recreio, cada criança comia o lanche que trazia de casa. A Margarida percebeu que aquela menina não havia levado lanche. Dividiu com ela o seu lanche.
No outro dia cedo, antes de ir para a escola, ela pensou: vou levar dois lanches, um para mim e outro para aquela garota. Como a mãe tinha ido ao supermercado, ela mesma pegou dois pães, cortou-os no meio, foi até o fogão, destampou a panela e pôs a carne nos dois pães. Quando voltou da escola, às 11:30, contou para a mãe.
Mas a mãe falou: “Ah! Foi você? Eu pensei que tinha sido o gato e comeu a carne. Dei uma surra nele!”
A Margarida foi lá no fundo do quintal, encontrou o gato deitadinho e triste, e fez carinho nele.
Minutos depois, chegou o pai para almoçar. A Margarida estava no quarto e escutou a conversa. A mãe lhe disse: “Hoje eu ia fazer sopa; mas a Margarida pegou toda a carne da panela. Isso porque, além do lanche dela, fez outro para aquela tal colega a quem deu os sapatos”.
O pai gritou: “Margarida, vem cá!” É hoje que vou apanhar, pensou a Margarida. Abaixou a cabeça e foi. Quando chegou perto do pai, ele disse:
“Você fez uma coisa muito boa. De hoje em diante, todos os dias você vai levar para a escola dois lanches: um para você e outro para essa menina.” Em seguida, levantou a Margarida, abraçou-a e a beijou.
Que pena que existem tão poucas pessoas como a Margarida! Ou melhor, como Margarida e Jesus! Se houvesse mais, certamente o mundo seria bem mais feliz!
Que Maria Santíssima nos ajude a vivermos o “novo mandamento” do seu Filho: “Amai-vos uns aos outros!”
quarta-feira, 11 de janeiro de 2012
CUROU MUITAS PESSOAS DE DIVERSAS DOENÇAS.
Mc 1,29-39
Jesus só fazia o bem. A sua alegria consistia em fazer o bem às pessoas. Neste dia, o primeiro bem que ele fez, após a oração na sinagoga, foi curar a sogra de Pedro. “Então a febre desapareceu, e ela começou a servi-los”. Afinal, a casa estava cheia, porque, além de Jesus, estavam hospedados nela os Apóstolos que não tinham família em Cafarnaúm.
Aquela senhora, que convivia com Jesus bem de perto, pois ele frequentemente ficava hospedado lá, havia aprendido com Jesus esta virtude do acolhimento. Certamente, lá da cama, ela sentia um grande desejo de sarar e poder preparar a comida e as camas para os queridos hóspedes.
“À tarde, depois do pôr-do-sol, levaram a Jesus todos os doentes... A cidade inteira se reuniu em frente da casa. Jesus curou muitas pessoas de diversas doenças.” Descubra a felicidade de servir. Quem gosta de servir, faz aquilo que pode pelos outros. Jesus podia curar, curava. Diversas vezes, ele nos pediu: “Curai os doentes”.
“De madrugada, quando ainda estava escuro, Jesus se levantou e foi rezar num lugar deserto.” O seu amor maior mesmo é a Deus Pai. É este amor que o impulsionava a amar o próximo. Como é importante nós não nos deixarmos levar pelo ativismo, e dar umas fugidas para nos encontrarmos com Deus!
“Simão e seus companheiros foram à procura de Jesus. Quando o encontraram, disseram: ‘Todos estão te procurando!’” Como quem diz: Ontem o senhor conquistou o povo; agora, que está na hora de colher os frutos, o senhor foge?
“Jesus respondeu: ‘Vamos a outros lugares’”. O líder dá a mão, ajuda a pessoa a se levantar, mas quer que ela depois caminhe com as próprias pernas, e não fique dependendo daquele que a ajudou, ou batendo palmas para ele. Afinal, somos todos iguais. Deus é que faz as curas e dá as graças. O grande modelo na cena, além de Jesus, é a sogra de Pedro que, logo após ser curada, se pôs a servi-los.
Jesus era um mestre religioso diferente dos outros mestres da época. Estes fundavam escolas para ensinar a interpretar a Sagrada Escritura. Jesus era itinerante, queria que seus discípulos vivenciassem a Sagrada Escritura, e passassem essa vivência para frente. Esse método continua até hoje, na Santa Igreja.
Nós queremos ser “Discípulos e missionários de Jesus Cristo, para que os nossos povos tenham vida nele” (Documento de Aparecida). Somos chamados a levar a Boa Nova de Jesus até os confins da terra. A Comunidade cristã não é um grupo de pessoas em torno de um líder, mas são pessoas unidas em torno de Cristo, e organizadas entre si para a construção do Reino de Deus.
Certa vez, um padre foi almoçar na casa de uma família. Chegou um pouco antes, bateram um papo, depois sentaram-se à mesa para o almoço.
Durante a refeição, o padre percebeu que o papagaio estava com o bico amarrado com uma tira de pano. Perguntou: “Por que o papagaio está com o bico amarrado?”
A mulher ficou morrendo de vergonha, e respondeu: “É porque ele fala muitos palavrões. Então, como nós convidamos o senhor para almoçar aqui, resolvemos amarrar o bico dele”.
Ficou pior! O concerto ficou pior que o soneto. O coitado do papagaio não tinha culpa nenhuma de falar palavrões. Ele simplesmente repetia aquilo que ouvia naquela casa. Era a família que não dava o bom exemplo de cristã, falando palavrões!
Como é que um membro dessa família poderia sair por aí falando bonito de Jesus Cristo, se em casa falava o contrário! O povo chama quem fala palavrão de “boca suja”, e quem fala mal dos outros de “lingüinha afiada”.
Vamos ser como Jesus, que fazia o bem por palavras e por atos.
Maria Santíssima, Nossa Senhora da conceição passou a vida servindo: dona de casa, esposa, mãe... Que ela nos ajude a aprender a seguir o exemplo do seu Filho.
Jesus só fazia o bem. A sua alegria consistia em fazer o bem às pessoas. Neste dia, o primeiro bem que ele fez, após a oração na sinagoga, foi curar a sogra de Pedro. “Então a febre desapareceu, e ela começou a servi-los”. Afinal, a casa estava cheia, porque, além de Jesus, estavam hospedados nela os Apóstolos que não tinham família em Cafarnaúm.
Aquela senhora, que convivia com Jesus bem de perto, pois ele frequentemente ficava hospedado lá, havia aprendido com Jesus esta virtude do acolhimento. Certamente, lá da cama, ela sentia um grande desejo de sarar e poder preparar a comida e as camas para os queridos hóspedes.
“À tarde, depois do pôr-do-sol, levaram a Jesus todos os doentes... A cidade inteira se reuniu em frente da casa. Jesus curou muitas pessoas de diversas doenças.” Descubra a felicidade de servir. Quem gosta de servir, faz aquilo que pode pelos outros. Jesus podia curar, curava. Diversas vezes, ele nos pediu: “Curai os doentes”.
“De madrugada, quando ainda estava escuro, Jesus se levantou e foi rezar num lugar deserto.” O seu amor maior mesmo é a Deus Pai. É este amor que o impulsionava a amar o próximo. Como é importante nós não nos deixarmos levar pelo ativismo, e dar umas fugidas para nos encontrarmos com Deus!
“Simão e seus companheiros foram à procura de Jesus. Quando o encontraram, disseram: ‘Todos estão te procurando!’” Como quem diz: Ontem o senhor conquistou o povo; agora, que está na hora de colher os frutos, o senhor foge?
“Jesus respondeu: ‘Vamos a outros lugares’”. O líder dá a mão, ajuda a pessoa a se levantar, mas quer que ela depois caminhe com as próprias pernas, e não fique dependendo daquele que a ajudou, ou batendo palmas para ele. Afinal, somos todos iguais. Deus é que faz as curas e dá as graças. O grande modelo na cena, além de Jesus, é a sogra de Pedro que, logo após ser curada, se pôs a servi-los.
Jesus era um mestre religioso diferente dos outros mestres da época. Estes fundavam escolas para ensinar a interpretar a Sagrada Escritura. Jesus era itinerante, queria que seus discípulos vivenciassem a Sagrada Escritura, e passassem essa vivência para frente. Esse método continua até hoje, na Santa Igreja.
Nós queremos ser “Discípulos e missionários de Jesus Cristo, para que os nossos povos tenham vida nele” (Documento de Aparecida). Somos chamados a levar a Boa Nova de Jesus até os confins da terra. A Comunidade cristã não é um grupo de pessoas em torno de um líder, mas são pessoas unidas em torno de Cristo, e organizadas entre si para a construção do Reino de Deus.
Certa vez, um padre foi almoçar na casa de uma família. Chegou um pouco antes, bateram um papo, depois sentaram-se à mesa para o almoço.
Durante a refeição, o padre percebeu que o papagaio estava com o bico amarrado com uma tira de pano. Perguntou: “Por que o papagaio está com o bico amarrado?”
A mulher ficou morrendo de vergonha, e respondeu: “É porque ele fala muitos palavrões. Então, como nós convidamos o senhor para almoçar aqui, resolvemos amarrar o bico dele”.
Ficou pior! O concerto ficou pior que o soneto. O coitado do papagaio não tinha culpa nenhuma de falar palavrões. Ele simplesmente repetia aquilo que ouvia naquela casa. Era a família que não dava o bom exemplo de cristã, falando palavrões!
Como é que um membro dessa família poderia sair por aí falando bonito de Jesus Cristo, se em casa falava o contrário! O povo chama quem fala palavrão de “boca suja”, e quem fala mal dos outros de “lingüinha afiada”.
Vamos ser como Jesus, que fazia o bem por palavras e por atos.
Maria Santíssima, Nossa Senhora da conceição passou a vida servindo: dona de casa, esposa, mãe... Que ela nos ajude a aprender a seguir o exemplo do seu Filho.
quarta-feira, 4 de janeiro de 2012
VINDE E VEDE
4 DE JANEIRO DE 2012
João, o Evangelista, narra uma das mais íntimas e sagradas recordações de sua vida em busca de Jesus. Batista, novamente, como já no dia anterior, indicou Jesus como “o Cordeiro de Deus”. A expressão o fez refletir e, espontaneamente,, foi atrás de Jesus com André,: “Rabi, ode moras?” E Jesus disse: “Vinde e Vede!” Sentimos que atrás dessas palavras, está um convite de grande importância. São mais ou menos 4 horas da tarde, recorda João com precisão, e os dois acompanham o Mestre, conversando com Ele até altas horas da noite. No dia seguinte, levam outros dois: João leva seu irmão Tiago; e André, seu irmão Pedro.
Qual deve ter sido a conversa de Jesus com seus futuros apóstolos? João guarda um sagrado silêncio, ao passo que conta em pormenores o encontro de Cristo com Nicodemos, com a Samaritana, ou a despedida de Jesus na ceia.
“Vinde e Vede!” – é o convite tantas vezes repetido por Cristo aos seus eleitos. Quantas vezes também nós fomos convidados, mas não aproveitamos a oportunidade. Uns dias de retiro, um encontro de maior intensidade, uma hora de adoração, uma leitura mais profunda, são todos convites dispensados, pois temos tantas coisas a fazer tantos compromissos não temos tempo! Sem esse encontro provavelmente não haveria um Pedro para dirigir a Igreja, nem um João ara nos transmitir o amor de Jesus.
“Vinde e Vede!” Por que não atendemos ao convite de Jesus? Por medo de que nos convide para assumir uma maior responsabilidade dentro de nossa comunidade? Medo de que nos diga talvez alguma coisa que nos assuste?
Por que recusamos contemplar seu olhar? Por que corremos como se não o tivéssemos ouvido ou fazemos tanto barulho que abafamos sua voz?
Você, talvez, ainda se lembra de que, um dia, fez uma descoberta e disse que tinha encontrado Jesus, como João e André. A questão é que eles voltaram para Jesus, e você não voltou. Passou o tempo nos retiros, nos encontros religiosos, na oração, na missa e apagou-se a lembrança daquele que você disse ter encontrado Deus. Você voltou a ser como antes, talvez com um pouco de saudade daqueles momentos, daquelas horas, mas sem coragem de dizer “sim”.
“Vinde e Vede!” O convite soou, mas não teve resposta. Que pena. Pois, atrás disso, muita coisa que pedia ter sido feita nem teve início.
Imaginem se Maria tivesse dito “não” ao anjo Gabriel!
Houve uma frase muito em voga nos tempos passados: “Cristo conta com você!” Será que pode contar com você mesmo? Ou você está ocupado demais?
“Vinde e Vede!”
João, o Evangelista, narra uma das mais íntimas e sagradas recordações de sua vida em busca de Jesus. Batista, novamente, como já no dia anterior, indicou Jesus como “o Cordeiro de Deus”. A expressão o fez refletir e, espontaneamente,, foi atrás de Jesus com André,: “Rabi, ode moras?” E Jesus disse: “Vinde e Vede!” Sentimos que atrás dessas palavras, está um convite de grande importância. São mais ou menos 4 horas da tarde, recorda João com precisão, e os dois acompanham o Mestre, conversando com Ele até altas horas da noite. No dia seguinte, levam outros dois: João leva seu irmão Tiago; e André, seu irmão Pedro.
Qual deve ter sido a conversa de Jesus com seus futuros apóstolos? João guarda um sagrado silêncio, ao passo que conta em pormenores o encontro de Cristo com Nicodemos, com a Samaritana, ou a despedida de Jesus na ceia.
“Vinde e Vede!” – é o convite tantas vezes repetido por Cristo aos seus eleitos. Quantas vezes também nós fomos convidados, mas não aproveitamos a oportunidade. Uns dias de retiro, um encontro de maior intensidade, uma hora de adoração, uma leitura mais profunda, são todos convites dispensados, pois temos tantas coisas a fazer tantos compromissos não temos tempo! Sem esse encontro provavelmente não haveria um Pedro para dirigir a Igreja, nem um João ara nos transmitir o amor de Jesus.
“Vinde e Vede!” Por que não atendemos ao convite de Jesus? Por medo de que nos convide para assumir uma maior responsabilidade dentro de nossa comunidade? Medo de que nos diga talvez alguma coisa que nos assuste?
Por que recusamos contemplar seu olhar? Por que corremos como se não o tivéssemos ouvido ou fazemos tanto barulho que abafamos sua voz?
Você, talvez, ainda se lembra de que, um dia, fez uma descoberta e disse que tinha encontrado Jesus, como João e André. A questão é que eles voltaram para Jesus, e você não voltou. Passou o tempo nos retiros, nos encontros religiosos, na oração, na missa e apagou-se a lembrança daquele que você disse ter encontrado Deus. Você voltou a ser como antes, talvez com um pouco de saudade daqueles momentos, daquelas horas, mas sem coragem de dizer “sim”.
“Vinde e Vede!” O convite soou, mas não teve resposta. Que pena. Pois, atrás disso, muita coisa que pedia ter sido feita nem teve início.
Imaginem se Maria tivesse dito “não” ao anjo Gabriel!
Houve uma frase muito em voga nos tempos passados: “Cristo conta com você!” Será que pode contar com você mesmo? Ou você está ocupado demais?
“Vinde e Vede!”
segunda-feira, 2 de janeiro de 2012
NO MEIO DE VÓS ESTÁ AQUELE QUE VEM DEPOIS DE MIM; EU NÃO MEREÇO DESAMARRAR SUAS SANDÁLIAS.
Jo 1,19-28
A glória do precursor foi anunciar ao povo aquele que existia antes dele, que viria depois, e que lhe era muito superior. O Messias já estava presente, mas não era reconhecido como tal. Dar testemunho de Cristo, “o desconhecido” é também a nossa glória. O mundo conhece os segredos da natureza, das ciências e da técnica, mas conhece pouco o seu autor, e o Salvador que ele enviou.
João não promovia a si próprio, mas o Messias: No meio de vós está aquele que vem depois de mim. Eu não mereço desamarrar suas sandálias.
O homem moderno é vítima do seu próprio invento: a sociedade de consumo e bem-estar. No princípio do ano todos nos desejamos felicidades. No entanto, sabemos que é elevado o desencanto entre os jovens e adultos pela sociedade em que vivemos; desemprego, violência, discriminação social, ruptura familiar e conjugal, drogas, alcoolismo fome...
Felizmente, Cristo veio para acabar com os corações dilacerados. Ele é o dom de Deus, que no Natal nos trouxe alegria, e esta perdura para sempre. Ele se fez um de nós, nosso companheiro; amigo seu e meu, como se você e eu fôssemos os únicos. Tal é o poder do companheiro que ganhamos.
“Irmãos, estai sempre alegres! Rezai sem cessar. Daí graças em todas as circunstâncias... Aquele que vos chamou é fiel; ele cumprirá o que prometeu” (1Ts 5,16-18.24). É necessário o testemunho da alegria de Cristo, para uma sociedade com crise de valores.
A nossa sociedade precisa urgentemente de pessoas que lhe mostrem os autênticos valores espirituais e humanos: o desprendimento, a solidariedade, o amor, a fé e a oração, a coerência, a responsabilidade, a honestidade, a paixão pela verdade e por assumir os compromissos dados.
A única coisa que pode vencer a insatisfação profunda do homem atual é o testemunho pessoal e comunitário de alegria e esperança, oxigenadas na fé em Cristo, o “Deus conosco”. Assim, os obstáculos se transformam em trampolim para a felicidade e a alegria.
A exemplo de João Batista, o testemunho é um impacto que provoca interrogações, que no fim resultam em esperança e alegria. Ser testemunha é criar mistérios em volta, fazendo com que a vida sem Deus se torne um absurdo.
Como nos tempos de João Batista, há no nosso povo uma difusa esperança de que está para chegar algo mais seguro do que o que está aí, algo transcendente, mas com enorme força no contingente. Aí está o ambiente propício para o testemunho dos cristãos. Testemunho corajoso, explícito e vivencial, como o de João. Diante do relativismo estéril, esse testemunho apresenta o caminho, a verdade e a vida.
Um dia, um pai de família chegou em casa após o serviço, com uma calça nova. Mas a calça era muito comprida, precisava cortar três centímetros.
Havia três mulheres em casa, todas costureiras: a esposa, a nora e a filha.
Ele chegou para a esposa e falou: “Você pode tirar para mim três centímetros na barra desta calça? Eu gostaria de vesti-la amanhã cedo”. A esposa respondeu: “Eu estou muito cansada agora. Amanhã use uma calça velha mesmo”.
Então ele foi com a nora, que estava na televisão, e fez o mesmo pedido. Mas a nora também se recusou. “Eu não posso perder este capítulo da novela” – disse ela – “quem sabe amanhã eu arrumo”.
O homem não desistiu e procurou a filha. Esta respondeu: “Não posso, porque hoje eu tenho prova na escola, e preciso me preparar.”
Tudo bem. O homem pendurou a calça no guarda-roupa, tomou banho, jantou, viu o noticiário e foi dormir.
Uma meia hora depois, a esposa pensou e mudou de idéia. Pegou a calça e tirou os três centímetros. Depois deitou-se e dormiu.
Mais tarde, terminada a última novela, a nora ficou com dó do sogro, foi lá, pegou a calça e cortou mais três centímetros.
A filha chegou da escola tarde da noite e resolveu atender o pedido do pai. Pegou a calça e cortou mais três centímetros.
Resultado: no outro dia, o homem foi vestir a calça, dava no meio da canela!
É isso que dá a falta de diálogo, a má vontade e o comodismo dentro de casa. Assim nós não damos um bom testemunho de Cristo!
Maria Santíssima foi uma testemunha completa do seu Filho: testemunha clara, vivencial, humilde e perseverante. Que ela e João Batista nos ajudem!
A glória do precursor foi anunciar ao povo aquele que existia antes dele, que viria depois, e que lhe era muito superior. O Messias já estava presente, mas não era reconhecido como tal. Dar testemunho de Cristo, “o desconhecido” é também a nossa glória. O mundo conhece os segredos da natureza, das ciências e da técnica, mas conhece pouco o seu autor, e o Salvador que ele enviou.
João não promovia a si próprio, mas o Messias: No meio de vós está aquele que vem depois de mim. Eu não mereço desamarrar suas sandálias.
O homem moderno é vítima do seu próprio invento: a sociedade de consumo e bem-estar. No princípio do ano todos nos desejamos felicidades. No entanto, sabemos que é elevado o desencanto entre os jovens e adultos pela sociedade em que vivemos; desemprego, violência, discriminação social, ruptura familiar e conjugal, drogas, alcoolismo fome...
Felizmente, Cristo veio para acabar com os corações dilacerados. Ele é o dom de Deus, que no Natal nos trouxe alegria, e esta perdura para sempre. Ele se fez um de nós, nosso companheiro; amigo seu e meu, como se você e eu fôssemos os únicos. Tal é o poder do companheiro que ganhamos.
“Irmãos, estai sempre alegres! Rezai sem cessar. Daí graças em todas as circunstâncias... Aquele que vos chamou é fiel; ele cumprirá o que prometeu” (1Ts 5,16-18.24). É necessário o testemunho da alegria de Cristo, para uma sociedade com crise de valores.
A nossa sociedade precisa urgentemente de pessoas que lhe mostrem os autênticos valores espirituais e humanos: o desprendimento, a solidariedade, o amor, a fé e a oração, a coerência, a responsabilidade, a honestidade, a paixão pela verdade e por assumir os compromissos dados.
A única coisa que pode vencer a insatisfação profunda do homem atual é o testemunho pessoal e comunitário de alegria e esperança, oxigenadas na fé em Cristo, o “Deus conosco”. Assim, os obstáculos se transformam em trampolim para a felicidade e a alegria.
A exemplo de João Batista, o testemunho é um impacto que provoca interrogações, que no fim resultam em esperança e alegria. Ser testemunha é criar mistérios em volta, fazendo com que a vida sem Deus se torne um absurdo.
Como nos tempos de João Batista, há no nosso povo uma difusa esperança de que está para chegar algo mais seguro do que o que está aí, algo transcendente, mas com enorme força no contingente. Aí está o ambiente propício para o testemunho dos cristãos. Testemunho corajoso, explícito e vivencial, como o de João. Diante do relativismo estéril, esse testemunho apresenta o caminho, a verdade e a vida.
Um dia, um pai de família chegou em casa após o serviço, com uma calça nova. Mas a calça era muito comprida, precisava cortar três centímetros.
Havia três mulheres em casa, todas costureiras: a esposa, a nora e a filha.
Ele chegou para a esposa e falou: “Você pode tirar para mim três centímetros na barra desta calça? Eu gostaria de vesti-la amanhã cedo”. A esposa respondeu: “Eu estou muito cansada agora. Amanhã use uma calça velha mesmo”.
Então ele foi com a nora, que estava na televisão, e fez o mesmo pedido. Mas a nora também se recusou. “Eu não posso perder este capítulo da novela” – disse ela – “quem sabe amanhã eu arrumo”.
O homem não desistiu e procurou a filha. Esta respondeu: “Não posso, porque hoje eu tenho prova na escola, e preciso me preparar.”
Tudo bem. O homem pendurou a calça no guarda-roupa, tomou banho, jantou, viu o noticiário e foi dormir.
Uma meia hora depois, a esposa pensou e mudou de idéia. Pegou a calça e tirou os três centímetros. Depois deitou-se e dormiu.
Mais tarde, terminada a última novela, a nora ficou com dó do sogro, foi lá, pegou a calça e cortou mais três centímetros.
A filha chegou da escola tarde da noite e resolveu atender o pedido do pai. Pegou a calça e cortou mais três centímetros.
Resultado: no outro dia, o homem foi vestir a calça, dava no meio da canela!
É isso que dá a falta de diálogo, a má vontade e o comodismo dentro de casa. Assim nós não damos um bom testemunho de Cristo!
Maria Santíssima foi uma testemunha completa do seu Filho: testemunha clara, vivencial, humilde e perseverante. Que ela e João Batista nos ajudem!
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